A conversa é mole, mas o papo é firme.

sexta-feira, outubro 17, 2008

Oh insensato coração

Meus povos de dois ou três: tenho escrito meio que pouco, porque pesquisas outras que depois serão reveladas, tem tomado um tempo além do que eu esperava. Mas não é por isso que uma rapidinha, tomando cuidado para que não seja na escada do condomínio, ou do ecritório, seja sempre benvinda. (pesquisas - e hoje tem muito de pesquisa - dizem que o flagra na escada é o pior de explicar).

O livro do Midani é bacana. O cara tenta ser honesto (como escritor e não como parte da indústria) e na primeira linha já avisa que não vai ficar entregando as constelações, mas sempre escapa uma lá e cá. Com errinhos e alguns exagêros que no todo não comprometem, o cara mostra a imunda indústria que leva os ingênuos ( ao menos no comêço de carreira) artistas a ganharem uma ínfima porcentagem de seu próprio trabalho. E depois ainda perdem quase tudo nos divórcios, claro. Mas para quem segue a música tupinicú (que continua assim grafado mesmo com a reforma ortográfica, pois cú sem assento é esteticamente e filosoficamente impossível), é mais um tijolinho.

Norma lembra do dia dos Profs., categoria que agora tem até mêdo de apanhar ou levar bala entre uma tentativa de ensinamento e uma prova com nota baixa. Mas é deles o reino dos céus, pois para ganhar pouco e persistir, é só atendendo ao chamado divino. Devo e muito a alguns belos exemplares da raça que tive a sorte de cruzar pelo caminho. Avorrai.

Bitchos mas é cultura e festa. O Brézil nunca ganhou Nobel, mas acaba de ganhar o Ig-nobel. É um prêmio dado para pesquisas que foram feitas com verbas públicas e de forma séria, mas logo abaixo esta uma relação dos premiados para que vocês sintam o drama no acto. Dizem os que premiam, que o Ig-Nobel vai para pesquisas que de cara soam até engraçadas, mas depois causam reflexão. Julguem por si, pois:

Arqueologia - Astolfo Gomes de Mello Araújo e José Carlos Marcelino por demonstrarem que tatus podem alterar resultados de escavações arqueológicas.(estes são os brasileiros pioneiros na premiação...se alguém fizer uma pesquisa sôbre a seleção brasileira, certamente ganha...e acho que até o Nobelzão, mesmo...)

Biologia - Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert e Michel Franc por descobrirem que pulgas que vivem em cães podem pular mais alto que as que vivem em gatos.

Ciência Cognitiva - Toshiyuki Nakagaki, Hiroyasu Yamada, Ryo Kobayashi, Atsushi Tero, Akio Ishiguro e Agota Toth por descobrirem que bolor de lama pode resolver quebra-cabeças.

Economia - Geoffrey Miller, Joshua Tyber e Brent Jordan por estudarem que strippers ganham mais dinheiro quando estão no pico do período fértil.

Física - Dorian Raymer e Douglas Smith por provarem que grandes quantidades de cordas ou cabelos inevitavelmente se embaraçam.

Literatura - David Sims por seu estudo "Filho da mãe: Uma Exploração Narrativa da Experiência da Indignação com Corporações".

Medicina - Dan Ariely por demonstrar que remédios falsos mais caros têm mais efeitos que os remédios falsos baratos.

Nutrição - Massimiliano Zampini e Charles Spence por demonstrarem que a comida é mais gostosa quando tem nome mais bonito.

Paz - O Comitê Federal de Ética em Biologia Não-Humana da Suíça e cidadão do país por adotarem princípios legais de que plantas têm dignidade.

Química - Deborah Anderson, Sheree Umpierre e Joseph Hill por descobrirem que a Coca-Cola é um efetivo espermicida; e C.Y. Hong, C.C. Shieh, P. Wu e B.N. Chiang por provarem que isso não é verdade.

Um comentário:

Norma Lima disse...

Bartman, essa parte das memórias do André Midani - ex-poderoso chefão - que se refere ao esfacelamento das gravadoras é a melhor parte do livro.
Adorei o Ig-Nobel, parecem informações da extinta Rádio Relógio... "você sabia que comida com nome bonito é mais gostosa?"...
Acho que vou concorrer a este prêmio, a grana é boa? Tenho um monte de teorias malucas.
No aguardo das próximas produções from Bart, aqui me despeço com os protestos da minha mais alta estima (rsrsrsrs)