A conversa é mole, mas o papo é firme.
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domingo, julho 22, 2007
Tropicanalhadas
Faz um tempo que estou para terminar este post, mas sempre procrastinando por razões que a própria desconhece, mas agora vai.
A vontade de escrever veio da leitura de uma bio de Torquato Neto, chamada "Pra mim chega", de Toninho Vaz, que também biografou Paulo Leminski e Darcy Ribeiro, no que ele considera a trilogia dos poetas malditos dos 1960/1970.
Para quem não sabe, Torquato é letrista e um dos integrantes da Tropicália, e está na capa do disco do mesmo nome.
Na minha curiosidade acumulada, assim que comecei a ter acesso a Rita, eu perguntava muito o porque de tanto ela, quanto Mutantes, Duprat, etc., deixarem com que Gil e CV chamassem apenas para sí o movimento. Isto me perturbava desde que surgiu um álbum chamado "Tropicália II", só com os dois. Algo bem parecido com a virada de costas que Roberto Carlos deu para a Jovem Guarda, que o fez. Mas este ignora até seu próprio público, renegando sua própria história. Isto já é outra conversa.
Bossa Nova e Jovem Guarda, foram movimentos musicais que surgiram expontaneamente, mas a Tropicália foi minuciosamente planejada por um grupo de pessoas e não apenas duas, que estudavam exaustivamente forma e conteúdo, para lançar algo totalmente novo.
O que eu questionava Rita, era que se o movimento seria o mesmo sem o som dos Mutantes, a criatividade dos arranjos de Duprat, as loucuras de Torquato, Capinam e Tonzé, dentre outros.
As músicas seriam classificadas nos festivais? As vaias e polêmicas que deram o combustível exato para a explosão, existiriam?
Mas a vaca fria é que CV e GG ficaram com o movimento para sí, e contra isso existe um grito calado na bio de Torquato. Ficamos sabendo (ou ao menos eu não sabia), que CV e Torquato eram namorados, e que Torquato foi abandonado, tanto passionalmente quanto artísticamente.
CV e GG tinham um grande articulador, que era Guilherme Araújo, recentemente falecido e que em vida prometeu soltar uma bio devastadora. Será que vem?
Na bio, Capinam, outro abandonado do movimento, diz que foi deixado de lado pois não era um "entendido". "Entendido" era usado para quem gostava de meninos e meninas, e assim o movimento libertário se mostrou bem preconceituoso, às avessas.
A triste realidade é que como na Jovem Guarda, CV e GG estavam deixando de lado muitos dos agregados, saindo da Record e começando o Divino Maravilhoso na Tupi. Esta guinada foi interrompida pela prisão, e assim sendo, também jamais ficaremos sabendo no que daria exatamente.
Outro fato que sempre me foi estranho, foi que a prisão deles foi bem light, comparado com o que ocorria na época, e também tiveram um tempo de alguns mêses tanto para ajeitar suas coisas, como para gravar um disco cada um, antes de irem para o auto-exílio em Londres.
No fundo me parece com a negociação que o Coronel Parker, empresário de Elvis, fez para que The Pelvis no pico da carreira, fosse servir o exército na Alemanha. Os incomodantes que sejam mudados.
Torquato conta o quanto todo mundo que foi para o exílio se ferrou por não ter dinheiro, principalmente, enquanto em Londres, parece que dinheiro não era o problema. Torquato ficou penando em Paris, já que não queria migalhas londrinas, que foi como muita gente sobreviveu.
O final trágico, é que por conta disso tudo, Torquato acabou cometendo o suicídio por volta dos trinta anos, deixando filho e mulher.
Será que os Mutantes também precisaram ser "entendidos" para continuarem no movimento? Acho que não, e a prova disso, é que talvez pela total ingenuidade, nem sabiam direito o que acontecia ao redor. Este é um documento raríssimo, que mostra a total simplicidade na pessoa de Arnaldo Baptista, e a sagacidade da conversa do ministro.
O interessante são as pessoas ao fundo: CV, Nara Leão, umas passadinhas de Roberto Carlos arrastando a perninha, e assim vai. O entrevistador é Randal Juliano, tido como o que entregou CV e GG para os militares.
Arnaldo Baptista nos Festivais
Recentemente morreu José Agripino, mais um intelectual influente na Tropicália, principalmente com seu livro "Panamérica", citado na letra de Sampa. Também existe o ressurgimento dos mortos de Tonzé, que veio para desafinar o côro de dois dos donos do pedaço. Ah, como eu gostaria que "CERTAS PESSOAS" se manifestassem...
A vontade de escrever veio da leitura de uma bio de Torquato Neto, chamada "Pra mim chega", de Toninho Vaz, que também biografou Paulo Leminski e Darcy Ribeiro, no que ele considera a trilogia dos poetas malditos dos 1960/1970.
Para quem não sabe, Torquato é letrista e um dos integrantes da Tropicália, e está na capa do disco do mesmo nome.
Na minha curiosidade acumulada, assim que comecei a ter acesso a Rita, eu perguntava muito o porque de tanto ela, quanto Mutantes, Duprat, etc., deixarem com que Gil e CV chamassem apenas para sí o movimento. Isto me perturbava desde que surgiu um álbum chamado "Tropicália II", só com os dois. Algo bem parecido com a virada de costas que Roberto Carlos deu para a Jovem Guarda, que o fez. Mas este ignora até seu próprio público, renegando sua própria história. Isto já é outra conversa.
Bossa Nova e Jovem Guarda, foram movimentos musicais que surgiram expontaneamente, mas a Tropicália foi minuciosamente planejada por um grupo de pessoas e não apenas duas, que estudavam exaustivamente forma e conteúdo, para lançar algo totalmente novo.
O que eu questionava Rita, era que se o movimento seria o mesmo sem o som dos Mutantes, a criatividade dos arranjos de Duprat, as loucuras de Torquato, Capinam e Tonzé, dentre outros.
As músicas seriam classificadas nos festivais? As vaias e polêmicas que deram o combustível exato para a explosão, existiriam?
Mas a vaca fria é que CV e GG ficaram com o movimento para sí, e contra isso existe um grito calado na bio de Torquato. Ficamos sabendo (ou ao menos eu não sabia), que CV e Torquato eram namorados, e que Torquato foi abandonado, tanto passionalmente quanto artísticamente.
CV e GG tinham um grande articulador, que era Guilherme Araújo, recentemente falecido e que em vida prometeu soltar uma bio devastadora. Será que vem?
Na bio, Capinam, outro abandonado do movimento, diz que foi deixado de lado pois não era um "entendido". "Entendido" era usado para quem gostava de meninos e meninas, e assim o movimento libertário se mostrou bem preconceituoso, às avessas.
A triste realidade é que como na Jovem Guarda, CV e GG estavam deixando de lado muitos dos agregados, saindo da Record e começando o Divino Maravilhoso na Tupi. Esta guinada foi interrompida pela prisão, e assim sendo, também jamais ficaremos sabendo no que daria exatamente.
Outro fato que sempre me foi estranho, foi que a prisão deles foi bem light, comparado com o que ocorria na época, e também tiveram um tempo de alguns mêses tanto para ajeitar suas coisas, como para gravar um disco cada um, antes de irem para o auto-exílio em Londres.
No fundo me parece com a negociação que o Coronel Parker, empresário de Elvis, fez para que The Pelvis no pico da carreira, fosse servir o exército na Alemanha. Os incomodantes que sejam mudados.
Torquato conta o quanto todo mundo que foi para o exílio se ferrou por não ter dinheiro, principalmente, enquanto em Londres, parece que dinheiro não era o problema. Torquato ficou penando em Paris, já que não queria migalhas londrinas, que foi como muita gente sobreviveu.
O final trágico, é que por conta disso tudo, Torquato acabou cometendo o suicídio por volta dos trinta anos, deixando filho e mulher.
Será que os Mutantes também precisaram ser "entendidos" para continuarem no movimento? Acho que não, e a prova disso, é que talvez pela total ingenuidade, nem sabiam direito o que acontecia ao redor. Este é um documento raríssimo, que mostra a total simplicidade na pessoa de Arnaldo Baptista, e a sagacidade da conversa do ministro.
O interessante são as pessoas ao fundo: CV, Nara Leão, umas passadinhas de Roberto Carlos arrastando a perninha, e assim vai. O entrevistador é Randal Juliano, tido como o que entregou CV e GG para os militares.
Arnaldo Baptista nos Festivais
Recentemente morreu José Agripino, mais um intelectual influente na Tropicália, principalmente com seu livro "Panamérica", citado na letra de Sampa. Também existe o ressurgimento dos mortos de Tonzé, que veio para desafinar o côro de dois dos donos do pedaço. Ah, como eu gostaria que "CERTAS PESSOAS" se manifestassem...
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