A conversa é mole, mas o papo é firme.

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sexta-feira, setembro 22, 2006

Desengendrando o Rouxinol

Norma diz num comentário que o blog é um colírio pois não tem política.
Mas não tem jeito de escapar, e temos que falar um pouco da prática espúria. E vamos falar da pior coisa que o governo Lula nos fez. É imperdoável o acontecido e por incrível que pareça, ninguém protestou. Seria a índole pacífica do brasileiro? Balela.
Vamos botar a bôca no trombone, Bocato, vamos protestar, pois queremos de volta o que nos foi tomado. A maior violência do governo Lula contra nossos intelectos, corações e almas, foi a retirada repentina e violenta de Gilberto Gil do cenário musical.
É inaceitável esta situação. Pouco antes da eleição de 2002, Rita Lee e Gilberto Gil estavam acertando suas agendas para um novo projeto: Refestança 2.
Já estavam trocando letras e melodias, para um trabalho conjunto, turnê e disco. E viraria dvd, que hoje é praxe.
Pouco depois da eleição, Lula começou a montar seu ministério. Sondou Gil, que não aceitou de cara, mas êste vírus é inexorável. O discreto charme do poder. Ou como diz Heloísa Helena, o pudê.
Quando soube da notícia, Rita me escreveu muito triste, dizendo que o projeto havia subido no telhado.
E o pior é o fantasma da reeleição. Gil é dos poucos ministros que cumpriu todo o mandato, e é bem provável que continue, se o fato se consumar.
Outro dia Gil disse que não quer mais compor, que já cumpriu seu caminho. Mas deve ser uma crise passageira, de quem anda meio distante do amigo violão e muito perto do trono.
Então, meus caros eleitores, está em suas mãos a volta de Gil para o mundo da música. Já sabem o que fazer.
E fiquem atentos, pois Cristovão Buarque está subindo assustadoramente nas pesquisas. Enquanto os outros candidatos oscilam um ponto para cima, um para baixo, Cristovão detonou, simplesmente dobrando sua intenção de votos. Ele tinha 1% e passou para 2%.

Mas voltemos a Gil. Tem disco novo na praça. Quer dizer, gravado em 1999, mas saindo agora para o grande público. O disco foi gravado na época para acompanhar um livro feito sobre ele, "GiLuminoso: a po.ética do ser" de autoria de Bené Fonteles, de pequena tiragem.
O disco chama-se Gil Luminoso - violão e voz. E é assim. 15 músicas na grande maioria conhecidas, mas tocadas bem diferente das gravações originais. Escolhidas as 15 músicas, Gil as arranjava nos quartos de hotel em uma de suas turnês. Ele gravou cada música, em estúdio, duas ou trêz vezes, e depois escolheu-se as melhores versões. O disco foi gravado em 3 dias.
Nunca deu pra ficar tão íntimo e tão perto deste Gil agora tão distante. Exímio violonista, a voz como se estivesse ao nosso lado. O tom realista é melhorado ainda mais porque foram deixados pequenos êrros no violão, algumas vaciladas na voz. Perfeito, vivo, real.
Tem Preciso aprender a só ser, Aqui e agora, Copo vazio, Retiros espirituais, Tempo rei, Super-Homem - a canção. Da maneira como estão executadas, são verdadeiros mantras meditativos.
É como quando perdemos um ente querido, e vamos esvaziar suas gavetas, e encontramos anotações, a letra de mão, detalhes banais que nada significariam, mas que pela situação, nos trazem por um momento os que se foram para nosso lado.
No encarte do disco, uma frase de Caetano Veloso: "Gil crê em Deus. Eu creio nele".
Nostalgia. Nostalgil.
Caetano com disco novo, dando sempre um passo à frente. Rita prometendo que prepara a massa para loguinho ir ao fôrno. Até Mutantes prometem disco de inéditas.
Alguém poderia imaginar que nossos esperançosos gritos de Lula-lá dariam nisso tudo?

O título do post foi inspirado em uma música/mantra de Caetano, cuja letra é apenas: "Gil engendra em Gil rouxinol"

Há pouco tempo, Gil lançou um cd/dvd, Eletroakustico, tirado de um show. Muito bom, mas nada inédito. E fez uma música para a copa do mundo, que deve ter rodado conjuntamente.