A conversa é mole, mas o papo é firme.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

60 anos - a entrevista - parte 7

Todo ano quando vejo o Grammy, eu morro de inveja daquele paizinho que adora fazer guerras na casa dos outros.
Além de montarem um puta show, eles não deixam o passado morrer jamais.
Quem não assistiu, reprisa no canal SONY, domingo, dia 17/02/08.
Vocês vão ver que o Prince está com a mesma cara de 20 anos atrás, que Beyoncé consegue encarar a insuperável Tina Turner (um dos mais emocionantes shows que já vi, o da Tina em Sampa, no século passado). A velhota está com a voz impecável. Só não consegue dar os passinhos de antanho, mas e daí?

Na abertura, Alicia Keys cantando com Frank Sinatra.
No meio, uma baita orquestração de Rhapsody in Blue, do Gershwin, de arrepiar os cabelinhos de vocês sabem muito bem onde.
Num momento roquenrou raiz, Jerry Lee Lewis mostrando que o tempo fez seu trabalho, deixando-o meio acadinho, mas o mesmo tempo tempo tempo tempo parece que se esqueceu de Little Richard. Sempre injustiçado, pois foi negro, homo e cantor de roquenrou na década de 50, no sul dos states. Richard é dos pouquíssimos a quem Sir Macca tem que pedir a benção, por mostrar como cantar rasgado. Richard também ensinou todos os truques para Hendrix, já que o negão tocou um bom tempo na banda do Ricardinho. Little Richard foi um grande performer, muito antes de Elvis. Subia literalmente no piano e se descabelava. Mas, mesmo não sendo usualmente lembrado, os gringos quando possível colocam o cara no palco central, sempre.
De quebra fiquei especialmente feliz, pois o hip hop tirou o time de campo. Em anos anteriores, era só gente falando com uma batida por baixo, achando que é música. Hey, quem gosta, pode continuar gostando pois não tenho nada contra. Mas a favor, menos ainda. É uma boa forma de expressão para uma camada que vive na barra pesada, mas como o roquenrou, caiu no main stream, ou seja, é trilha até de novela. Vai procurar a batida perfeita lá na...bem, deixa quieto.

Os números Gospel, além da presença de Aretha Franklin, mostram que apesar das ondas atuais de que Deus não existe e coisa e tal, bem que ele poderia existir então, para curtir este som que só os negrões gringos sabem fazer.
E finalizando, mais duas coisas legais: a consagração de Amy Whinehouse, que atualmente está com o troféu doidona da vez, mas que eu não sei até aonde é marketing, até aonde ela gosta da fruta.
Amy vai contra qualquer padrão de beleza e estética. Maquiagem, cabelo, roupas. Só que ela tem uma puta voz e canta muito bem. Música é isso. O resto é embalagem.
Ela, além duns 3, 4 prêmios, ainda teve a sorte de ter seu visto para entrar nos EUA recusado, para cantar ao vivo no Grammy, por ser considerada de conduta perigosa....yeeessss....melhor empurrão que esse, nem precisava.
E para coroar, o melhor disco do ano é de Herbie Hancock, pianista, que fez um álbum só com músicas de Joni Mitchel. É, a música está viva e chutando.

Ah...ainda teve Ringo Starr, George Martin, Japoronga Ono, Mulher do Ringo, Mulher do George, e o Cirque do Soleil mostrando umas partes do show Love, só de música dos bítous. O finale do Grammy foi Sgt. Pepper's.
Mas voltando ao porque de minha inveja, se é que ainda precisa explicar: num país tão musicalmente rico como o nosso, não temos nada parecido. Muita gente faz uma tremenda obra musical e não é reconhecido nunca. Quem não esta numa parada jabasada de sucesso, não existe. E de memória nem se fala.
Acho que é por isso que, por exemplo, um episódio como a tal volta dos Mutantes tenha sido como foi.
There's no business like show business acaba ficando mesmo sem tradução à altura. É como saudade em outras línguas. Só que aqui a gente tem a palavra, mas parece que não tem o sentimento real.

Mas, na conta do mentiroso, aqui vai a parte final da manifestação sexagenária de La Farniente.
Seguindo as duas grandes verdades da vida, onde tudo que sobe desce e tudo que começa, acaba...

Bem...acho que terminamos aqui nossa conversa. Me parece que você e Rita andam meio distantes. Tem alguma coisa para dizer a ela?

Ah, meu jovem...minha ligação com a magrela acho que está além do mero contato físico. É algo que acho que só nós duas sabemos o que rola. Mas eu estava pensando naquelas coisas que ela sempre diz, que não quer mais fazer shows, que cansou desta vida. A gente sabe que artista só ganha algum se esvaindo no palco, e ainda por cima levando paulada de crítico. Mas pelo que aprendi nos contatos que tive pela vida com os SVREMF (Só vejo Rita em minha frente), alguns muito simpáticos outros nem tanto, e agora que ela mora num lugar mais espaçoso, ela podia colocar umas câmeras espalhadas na casa, como aquele programinha besta, e viver de pay per view.
As pessoas pagam para ficar vendo o que ela chama de vidinha besta. E assim ela não tem que agüentar entrevista, gente querendo tirar pedaço no camarim, que na verdade é o que mais a desanima, e quem assiste acaba achando que só o próprio é quem está espiando, se autodenominando "fã número unico".
E volta e meia, ela cobra uma taxa extra, reúne a banda, e faz um show na sala de casa.
E quem sabe sortear, mediante outra taxa, algumas pessoas para falar com ela por telefone.

Até que não seria má idéia. Acha que ela encara?

Meu caro. Aquilo lá quando vê a grana entrando topa qualquer parada. E ainda ela pode usar os dotes de atriz, não acha?
Para encerrar esta coisa, eu só aceitei falar com você, para mostrar que não tenho mais nada a dizer sobre ela. Já não cometo a asneira de ter diários ou arquivos em computador. Assim sendo, você vai se afastar de mim, assim como os que leram seu livro aos poucos irão se afastando de você, que não terá mais novas informações. Ou imaginou que acharam você um grande escritor?

Quando ela ler esta entrevista, acho que vai emitir alguma opinião.

Tadinho. Ela não vai ler isto nunca. Aliás, outros lerão, e contarão a ela do jeito que bem entenderem, e você sabe como isto é. Mais sapos ameaçados.

Desliguei o gravador e coloquei na mochila de sempre. E Bárbara Farniente já não estava por perto. Quanto às coisas que ela diz que não mais vai fazer, fico com a versão de Tim Maia, quando ele diz que mente um pouquinho.
Agora só me resta relatar, e deixar que interpretem como quiserem.

E este foi o post n° 250...putz...obrigado pela convivência, meu povo.


2 comentários:

Moni disse...

Bartsch
250 post... puxa, eu que agradeço a sua disposição em compartilhar conosco essa cacetada de informações, de forma tão descontraída que aumenta o prazer da leitura.
Na memória: este ano quem completa 40 é o álbum Os Mutantes (1968), mas quem ganha tributo brasiliano é o Álbum Branco, dos Beatles. Oh meu Brasil!

E Bárbara está equivocada quando diz que vc será esquecido por aqueles que leram o seu livro. Se Bárbara não sabe, Ela tem o dom de aproximar pessoas. Eu mesma conheci muita gente legal através da Igreja, outras nem tanto, mas fiz uma amizade que dura + 20 anos e da qual tenho o maior orgulho.
Eu já agradeci à Santa por essas bençãos (no camarim mesmo), e não devo mais oferendas. Agora, só irei aos cultos, pagando o dízimo que ela cobra adiantado.
Ah, embora fiel, sou totalmente contra programas religiosos na Tv.

Obrigada por manter o cantinho tão acolhedor.
Beijo envenenado!

Mirta disse...

Bart!
perdi o Grammy... depois dessa vou na reprise sem falta...

Essa Farniente... :O ... rsrsrs

Embora eu sempre leia, mas nem sempre escreva... registro meu obrigada pelo q sempre encontramos por aqui!!...;)

Bjs!

Mirta