A conversa é mole, mas o papo é firme.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Celulóides Esquisitos

Entranto numa faixa mais específica dos Prazeres Proibidos, eu disse no outro post que gosto de filmes estranhos.

Lá nos idos dos 1960/70, existiam vários filmes estranhos mas por razões diferentes. Bergman, Godard, Antonioni, Pasolini, todos faziam filmes geralmente com cunho socialista/comunista, e enchiam de referências enigmáticas para fugir da perseguição por conta de seus ideais comunitários. Tinha filme que nem usava trilha sonora. Muitas cenas longas sem diálogos, expressão apenas nos olhares. Lógicamente que existiam cenas geniais, inovações, a criação de uma nova forma de linguagem, mas muitas vêzes o sono era maior que tudo isso junto.

No Brasil tinha o Cinema Nôvo, que também produziu filmes geniais, mas muitas vêzes chatérrimos. Aliás, o cinema brasileiro reluta em conseguir uma linguagem fluente. Mas já é outro assunto.

Agora imaginem um filme desses esquisitos censurado, ou seja, cortavam 20, 30 minutos só porque aparecia um peitinho, um pelinho púbico, um pintinho mucho ou um assunto que usava a palavra vermelho, ou denegrisse o exército ou ousasse discutir ideologias. Parece brincadeira, mas teve uma cacetada de filmes que só fui entender muitos anos depois, quando saíram completos em vídeo.

Cidadão Kane é um filme bem esquisito. Mas talvez o estranho mais antigo seja O Falcão Maltes, que é adaptação de um romance policial transformado em Film Noir, e que os que fizeram admitem que nem imaginam o que quer dizer o filme, pois é uma trama que vai se enrolando tanto, que fica totalmente sem pé nem cabeça.

Minha teoria é que fazer filmes estranhos é uma boa forma de se ganhar prêmios, pois os jurados não vão querer dizer que não entenderam nada, e então premiam, dizendo que é genial.

Falando em títulos, tem os do Stanley Kubrick, como 2001, Dr. Strangelove e Laranja Mecânica.
Fellini nem se fala, com La dolce Vita, La nave va, Amarcord e muitos outros.
O David Linch, depois da série de tv Twin Peaks, que é completamente pirada, tem Veludo Azul, A Estrada Perdida, Cidade dos Sonhos e mais.
Lá nos primórdios, Sem Destino, uma viagem psicodélica. Do Larry Clark tem Kids e Ken Park que acabam com os mitos puerís da adolescência. Tem aquele doidão do Amnésia, que é um filme feito de trás para a frente. Trainspotting é mais doido ainda. Você ve em imagens uma síndrome de abstinência (cold turkey) de Heroína.

De mais novinho, tem o Alejandro Yñárritu, com 21 Gramas, Amores brutos, e recentemente Babel.
Tem o Lars Von Trier, com Dogville e Manderlay.
De títulos soltos, Secretária, Confissões de Uma Mente Perigosa, Fogo Sagrado, Um Enigma no Divã (francês), Existenz, Snatch, Jogos Trapaças e dois canos fumegantes, A natureza Quase Humana, Adaptação, Donnie Darko, Quero ser John Malkovich, Réquiem Para Um Sonho, e sem esquecer o Quentin Tarantino. E ao menos do primeiro Matrix.
Nossa, como é bom um filme esquisito.

Mas foi tudo preambulo para falar de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Apesar do chatonildo do Jim Carrey, que está até bem, o argumento é muito bom. Tem também a Kate Winslet que neste consegue passar um filme inteiro sem ficar pelada. Exato, é aquela que o Di Caprio não conseguiu empurrar para dentro do mar na popa do Titanic.

Sem estragar o filme para quem não viu, existe uma firma, chamada Lacuna, que presta o seguinte serviço: apaga da mente da pessoa qualquer tipo de pensamento. Digamos que você perdeu seu cachorrinho e não quer mais lembrar disso. Vai lá, leva fotos, conta como o conheceu, como foi a convivência, daí eles fazem um mapeamento do seu cérebro, vão até sua casa, dão uma droga para você dormir e com um aparelho portátil fazem uma ressonância magnética do freguês, e nesta ressonância, vão aparecendo os pontos onde estão as lembranças, com uma côr específica, e que vão sendo apagadas. No outro dia de manhã, não resta nenhum vestígio do que não se quer mais lembrar.
No caso do filme, Kate apaga Carrey de um relacionamento, e por vingança ele vai até a firma para fazer o mesmo com as lembranças que tinha dela. Daí desenrola. Pena que o final é muito Holywood, mas a idéia é muito boa.

Como ficção é bem bolado, não acham?
Mas no próximo capítulo, veremos que existem razões que a própria razão não merece.

Previously on Lost, ou melhor, no post anterior, valeu a participação massiva. É bom lembrar que um ponto importante, é que devemos passar a respeitar o Prazeres Proibidos de uma pessoa à partir da hora em que ela o confessa publicamente e assume, e assim sendo, não pode mais gozar. Pode gozar só se ela tenta manter escondido, ok?
E também fica terminantemente proibido entregar alguém nominalmente. Pode-se dar uma "ajudazinha" contando o Prazer, mas sem dedar.

8 comentários:

Anônimo disse...

Bartolucci, cinema é comigo mesmo,"no escurinho do cinema..."
Gosto de Glauber ("Deus e o diabo na terra do sol"), mas também ataco de Brian de Palma ("Vestida para matar") ou de Spielberg ("Indiana Jones").
"Falcão Maltês" conheço o livro que li pra Faculdade e não entendi, hehe. Adoro "Cidade dos sonhos", mas "Veludo azul" é muito esquisitão, aquela orelha decepada que aparece no início não combina com a pipoca que a gente tá comendo na hora! "Dog Ville" aplaudi de pé e recomendo, destes esquisitões, "O discreto charme da burguesia", de Bunuel. Vi, do diretor de "Último tango em Paris", que considero outra obra prima, "Os sonhadores" e amei.
Numa matéria da Folha de SP de 25/10/95, sobre os filmes de que Ritzinha e Roberto mais gostavam, ela disse que achava Orson Welles "um chato, um saco" e "Se me perguntarem daquele filne, eu grito: Cidadão Quem????" Hahahaha

Neco Vieira disse...

Hehe..bom acho que já contei todos os meus prazeres proibidos, ah mas se são proibidos uns ainda vão ficar dentro d armário como você diz, hehhe..

Phalando em cinema, og vou assitir ao Ben Stiller(assim que se escreve?) Hehehe, Uma noite no museu, ah já cansei de ve-lo, todos os filmes, é click, é noite no museu, é aquele meu philme ''pesos pesados''(passou na globo)..e tantou outros philmes que esse cara fez..

Ah viu os indicados para o oscar já phoram anunciados ..vc viu?

Heheh, acontece de alguns que agente mais esperava, não irem , eu queria ver no oscar deste anmo o ''elas não usam black tie'', ou ''a lagoa azul'' ou '' guerra nas estrelhas'', e tantos outros, e não phoram.. merda



HHehehe..merda pode neh?

heheh


Ate mais Bart..eu ia comentar ontem aquela hora( 3 e poco), mas naum deu o sono foi maior

Bye

Neco Vieira disse...

*estrelas

Neco Vieira disse...

ii correção.. o click naum foi ele que fez naum

auahuha sempre confundo ele com o Addam Sandler

Anônimo disse...

Eu assisti o "Brilho Eterno" numa sala de exibição de filmes-cabeça aqui do Rio, o Espaço Unibanco (um lugar do jeito que a Rita gosta: cheio de "arrrtisssssssssstas" - neste dia estavam Paulo Betti e um grupinho de outros atores).
Confesso que saí do cinema com raiva de mim (por ter pago ingresso) e de todo o contexto da trama, odiando ainda mais o Jim Carrey e desejando que a Kate Winslet tivesse congelado no Titanic junto com o personagem do Leonardo di Caprio (risos).
Falando em filme: não sei se é impressão minha ou está havendo uma epidemia de porcarias em cartaz. Faz tempo que não vejo uma boa história no cinema...
Abração!

Anônimo disse...

Boas dicas!!!
Viva essas produções malucas!!! Stanley Kubrick é tudo de bom...

Ah, vc falou em Godard e eu lembrei de uma fato muito interessante: em 1968, Godard queria produzir alguma coisa com a sensacional banda Jefferson Airplane. Ele propôs o seguinte: "façam a parte de vcs que eu faço a minha...". Não havia roteiro. O resultado foi: Jefferson Airplane tocando "House At Pooneil Corners" de maneira ensurdecedora no alto de um prédio no centro de NYC em pleno meio-dia de um dia qualquer num inverno phodido!!! Detalhe: sem permissão. Deu polícia e tudo... hehehehe...
Magnífico!

Outra coisa: Vc falou de cidadão Kane e eu lembrei do documentário "muito além do cidadão Kane". Não me lembro agora quem produziu, mas é muito bom!!! Esse documentrio denuncia algumas podridões da Grobo!

Beijo!

Anônimo disse...

olá Bart!

No comment do post anterior esqueci de pedir o veto para "ninguém merece" e o hedidondo "como assim?". Esse é um chiclete.

Falando em filmes, estreou em todos os lugares do mundo, menos aqui, óbvio, o Perfume. Tenho o livro do alemão, que é excelente, e se o filme for um pouquinho parecido, é imperdível. Vi no site oficial que a direção é do mesmo cara de "Corra, Lola, Corra!", que também é perfeito. Enfim, vamos torcer...

beijão!

Anônimo disse...

obs.: desculpe, é "hediondo"