A conversa é mole, mas o papo é firme.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Cê tá pensando que todo mundo é Rita Lee, bicho?

Eu cantei a bola. Roberto Carlos vai processar o cara que escreveu sua bio não autorizada.

Li a bio porque conhecí RC lá dos primórdios, é um artista de grande importância e é sempre bom saber o que esta por trás da arte.

Quando lí uma matéria, uns 2 mêse atrás dizendo que iria sair o tal livro, pensei que estivesse tudo arrumado com o consentimento do biografado.
Na batalha para conseguir editar RLML, a primeiríssima pergunta, que eu já devo ter dito por aqui, era "E ela sabe disso?", com ênfase e expressão facial não muito alviçareira no "disso". E mesmo dizendo que sim, os editores ficavam com os pelos em riste, pois tinham um medo terrivel.
Mas deixe-me explicar também outro ponto interessante: quando você assina o contrato, fica claro que se rolar processo, vai ser em cima de quem escreveu. A Editora só tem um temor, que é recolher a edição. Aí é que eles perdem, pois gastaram uma grana naquilo e não podem vender.
Podem até dar um apoio jurídico ao autor, mas quem se ferra é só ele, se tiver que pagar indenização. Mas acho que o livro acaba vendendo mais, pela proibição, pois se estiver distribuído, é praticamente impossível recolhê-lo.
Agora fico imaginando o coitado do autor, que nem deve estar dormindo. Em RLML, uma pessoa queria entrar com processo por causa de uma linha. Também é história que já contei, mas a tal Mônica Bérgamo ligou para mim, avisando que no outro dia iria sair uma nota dizendo que tal pessoa ia entrar com processo contra o livro. Minha pergunta foi "você leu o texto?"...resposta:"Não". Então pega aí o livro e vamos ler juntos. A nóia do cara era tão grande e tão sem fundamento, que a tal nota não saiu, depois que Bergamo entendeu que não tinha nada a ver.
Eu nunca temí nada disso, pois sabia que estava tudo aprovadinho, e corajosamente aprovadinho. Pensava um pouco nos personagens que eram sitados com um pouco de humor, e com coisinhas inventadas, às vêzes nem tanto. Mas todos que fizeram a gentileza de me escrever, se divertiram muito e adoraram.

Voltando a RC.
Não vou ficar contando a história aqui, mas valem as considerações. Desde os 9 anos de idade, o cara ficou determinado a chegar ao sucesso. Levou não na cara pra caramba, e deve ter encontrado muita gente no caminho, quando famoso, dos que lhe disseram os tais não. O livro nada diz sôbre como ele se comportou nestas situações.
Teve muita gente que o ajudou, e de alguma forma, como acontece com todo mundo que quer chegar ao topo, RC precisou se descartar delas, quando mudava de estágio. Estas histórias são parcialmente contadas, e tem muita coisa omitida, que eu conhecia de outras fontes.
Na verdade, o cara que escreveu é muito fã, e ameniza todas as situações, e muitas vêzes é bem malvado com os coadjuvantes. Minimiza Erasmo como amigo, e nas entrelinhas, percebemos que RC pune bastante as pessoas que o cercam.
Talvez o grande golpe que foi dado, não está muito bem explicado, que é a saída da Jovem Guarda. Rapidinho, foi a combinação de um filme que estava sendo feito por Luis Sérgio Person, tendo Wanderléa, Erasmo e RC como "mocinhos", e era mais ou menos um documentário da vida dos 3, no auge da fama, no tipo do primeiro filme dos bítous.
Começaram a filmar, e pouco tempo atrás o Famplástico até mostrou algumas imagens, inclusive um coquetel de lançamento no início das filmagens, para levantar dinheiro.
Quando viu que teria apenas um terço das atenções, RC pulou fora, e sem ninguém saber, assinou para fazer um filme solo. Nestas alturas, querendo lançá-lo internacionalmente, a CBS acertou com o Festival de San Remo para que RC ganhasse o festival, já que o tal festival era reconhecido mundialmente. No livro é contado como se fôsse uma vitória da beleza da música e da interpretação de RC. Se uma situação dessas é contada desta maneira, ficamos pensando em quanto outras tantas foram "romanceadas". Foi jabá, mesmo.

Há pouquinho tempo, lí um livro que foi lançado pelo mordomo de Roberto nos anos 1960, Nicolas, e que foi proibido e recolhido, onde a história é nua e crua, embora bem mal escrita. Na bio atual, este mordomo é sitado muito rapidamente.
Outra coisa que se conclue, é que valeu o que foi feito musicalmente nos anos 1960 e 1970. O resto foi só administrar. Pouco é dito sôbre todas as músicas oportunistas feitas para baixinhas, gordinhas, coroinhas. E o cara sempre tenta passar que as letras de RC retratam o que ele pensa, que são biográficas. E além do que, muitos dos grandes sucessos são de outros autores.
E depois veio a fase "católica", acho que para comprar ingresso pro ceú. As manias de não cantar músicas com certas palavras, e durando até hoje, Maria Rita. Parece que é uma dor de consciência inexplicada, e que continua inexplicada, pois o autor não se arrisca a dar muitos detalhes.

Essa trôlha vai ficando enorme. Mas para acabar, o duro é agüentar as teses do autor, que quer interpretar os fatos, e fica parecendo mestrado. Se desse uma secadinha, o livro ficava pela metade e muito mais interessante. Ficaria mais fácil de ler, pois o volume é um trambolho e pesado, e para recolher daria menos trabalho aos oficiais de justiça.

Pessoalmente sempre achei que RC teve uma grande importância quando surgiu, mas depois de representar tantas pessoas, foi cuidar de sua vida e fortuna e deixou não só companheiros de estrada, como quem o apoiava na mão e caiu nos braços daqueles que caem vítimas de qualquer engôdo, como igrejas, contos do vigário, Baú da Felicidade, Bingos, etc. Aprecio como conseguiu manter uma coisa dessas até hoje, e sendo carismático, tem a força que tem, e vê-lo ao vivo é emocionante, goste-se ou não.
Gosto dos discos dele até o comecinho dos 1970, e depois acho o mais deslavado comercialismo.
O livro? É muito importante ler, pois se o incomodou, é que tem coisas por alí que ele não gostaria de ver reveladas. O cara que escreveu me parece sincero e pesquisou muito, ou seja, ouviu muitas pessoas, para ficar inventando histórias.
E RC ainda dá ouvidos a terceiros, para não gostar do livro. Deveria ler, se é que o faz.
Também não acho que seria interessante um livro escrito por RC, como ele prometeu em sua coletiva, e que talvez ficasse nas cores prediletas de carros, potência de motores, iates e mercado financeiro. O rei da média e do pão com manteiga. Em móteis, claro.

Fico pensando como Pedro Alexandre Sanches escapou de represálias, com o seu "Como dois e dois são cinco", que cuida do mesmo tema, mas dá mais chance aos agregados. E que tem capítulo sôbre Ritz, (Filha, você é a ovelha negra da família), pág 269. Em termos de análises, Pedro é muito mais consistente, não é sensacionalista, e tem até uma personagem Farniente, só que em capítulos próprios. Se tiver dinheiro para comprar só um dos dois, Pedro é mais objetivo em análises, o outro tem mais fofócas.

No Gran Finale desta ópera, só tenho a agradecer nossa querida Ritz que disse o que tinha que dizer, e não mudou uma vírgula. Jamais suas peripécias particulares alteraram o curso de sua arte, que seguiu firme e forte, sem fase de esquisitices ou de vender idéias. Manteve-se sempre coerente com seus princípios, por mais ou menos esdrúxulo que isso soasse às pessoas.
Mas bem que ela podia ter ameaçado me processar, para aumentar as vendas.

8 comentários:

Anônimo disse...

É, bixo...

RC tá todo ano aí,
em especiais e livros não autorizados...

Agora a onda dele é funk... quero que se fonka!!!

Anônimo disse...

'rc em ritmo de aventura' foi um lp (pronuncia-se éle-pê)q embalou um verão perdido, lá no cafundó das minhas cinquenta&tantas primaveras...
já neças alturas dos acontecimentos:
robertocarlos?...ñão conheço, ñão é do meu tempo!!!
abrax

Anônimo disse...

"Cê tá pensando que todo mundo é Rita Lee, bicho? "

cite alguém ao menos parecido (a) com Ela ... não tem ... essa hipótese não existe ... ninguém ... !!!!

e RC ?? calma .. daqui a pouco ele ta lá na globo gente ... é uma ótima brincadeira de fim de ano .. vc grava uns 5 especiais seguidos .. ai depois brinca de identificar as 7 diferenças de um dos outros ...
bom .. 7 ??.. não sei se chega a isso tudo .. o que eu tenho notado é o tom de azul que está diferente a cada 3 anos .. uma bela dica não acha ...??

.. Ritz é Ritz é que tudo mais vai pro inferno ... eheheehe

bjs telepáticos
fefetz

Anônimo disse...

Gozado, estou lembrando o "cheiro" do LP ...que tudo mais vá pro inferno, que comprei nas lojas americanas.Algum erro na confecção da capa "dura" que ezalava forte.
RC foi um cara importante nas minhas configurações. Só vi um show dele,inicio da década de 60 era RC Trio. RC c/ a guitarrinha azul, Dedé na bateria e Bruno no baixo , aqui em Rebs, na Cava do Bosque.

Anônimo disse...

Câmbio... direto do aeroporto aguardando a nave espacial para Natal a fim de testemunhar mais uma aparição da verdadeira Rainha...

O autor da biografia do Roberto, Paulo César, demorou 15 anos pesquisando e entrevistou João Gilberto, Imperial, Caetano... menos o "É uma brasa, mora?" que nunca podia... E agora quer processar o biógrafo. Muito cômodo. Por que Robertão não recebeu o cara, uai???
Só achei estranho o tal do súdito dizer que o livro dele supre uma carência sobre o autor, porque os fãs do Roberto não têm acesso a boas escolas e não saberiam escrever nada sobre ele. Quá quá quá quá quá
Bart, os fãs do Rei são analfabetos? Num entendi a parada.
Ainda bem que eu sou fã da Rainha Verdadeira, aff... ELA: elegante, simples, humana, carinhosa, generosa, talentosa... ÚNICA. A ela todas as homenagens e ainda serão poucas.
Epa, tenho que desligar, disco voador chamando... Natal e um presentão em Natal me aguardam: ELA...

Anônimo disse...

Eu, devota que sou de Santa Rita de Sampa, sempre fui alvo de comentários do tipo "como pode gostar dela, se ela é drogada?..." e coisas gentis do tipo... mas muito me admira um cantor tido como REI, ser um deficiente físico e o máximo que ele faz é receber semelhantes como ele pra terem um "tostão de atenção" (lembrei agora do Zé bonitinho falando tostão.... ahahaha).

Enfim, um cara que tinha tudo pra demonstrar que um deficiente pode fazer o que quiser e no entanto muita gente nem sabe que ele é perneta.... esse é o bom mocismo dele....

mais lamentável que isso? Só a voz anasalada dele "cantando"....

E claro, agora quer recolher o livro... aff.

Anônimo disse...

Li o seu post ontem de madrugada e qdo fui dormir fiquei pensando e lembrando em como o "rei" esteve presente na minha infância e adolescência.
Lá pelos meus 8 anos, eu e minha irmã ganhamos, talvez no natal ou aniversário, os primeiros discos das nossas vidas. O meu foi o compacto do Trio Esperança, aquele da festa do bolinha, e o da minha irmã foi do rei mandando tudo pro inferno. Fiquei muito brava e morrendo de inveja, queria esse pra mim, assistíamos o programa da jovem guarda domingos à tarde na casa da vó, e eu queria AQUELE, só que tive que me contentar com o trio. Essa ainda era a fase legal, da música jovem, dos cabeludos que recebiam narizes torcidos dos mais velhos.
A vó nas férias levava a gente pra assistir "RC e o Diamante Cor de Rosa" e também "RC em Ritmo de Aventura". Putz, lembro direitinho desses filmecos tão ingênuos, talvez um protótipo do que seria a Xuxa na geração das minhas filhas décadas mais tarde, apesar de não serem dirigidos ao público infantil.
Só que o tempo passou, a infância foi embora junto com o programa e os filmes, mas o "rei" continuou presente, não que eu gostasse, ao contrário, para a minha geração já era considerado um "quadrado", principalmente depois da jovem guarda, não cantava mais aquelas músicas legais, cantava coisas embaixo de caracóis.
A presença era por causa do meu pai, que era fã da majestade desde o início e todos os anos comprava os discos. Nas festas familiares, dá-lhe RC e Ray Conniff, era algo previsível e esperado depois de algumas cervejas. Tinha orgulho de mostrar a coleção para as visitas. A mana e eu pagávamos micos, claro, aborrecentes...
Lá pelos 17 ou 18 anos, a mana resolveu dar de presente pra ele o disco do ano, então foi na Hi-Fi, uma loja badaladíssima da Rua Augusta e, pra não passar vergonha, já que todos compravam Chico Buarque, Secos & Molhados ou o Falso Brilhante da Elis, cochichou no ouvido do vendedor que queria o disco do RC, baixinho pra ninguém ouvir.
Meu pai deu uma desencanada ou desencantada quando RC entrou na fase católica da vida e pensei até em dar a bio de presente. Natalino, claro, pra não perder o costume. Mas depois da sua crítica sinceramente estou em dúvida. Ainda vou pensar bem sobre o assunto.
Escrevi muito, isto é que quase virou uma bio, sorry...

beijão!

Pedro Alexandre Sanches disse...

hahaha, bart, também fico até hoje pensando como escapei, e não faço a mínima idéia...

mas, enfim, obrigado pelas palavras carinhosas!