A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, outubro 29, 2006

O filho das sobras de RLML

Hoje está prometido Fantástico com entrevista de RL. A matéria foi feita com Rita no dia que ela gravou o Altas Horas, um mês e meio atrás. Como sempre vão editar para gerar polêmica, mas vamos ver como fica num dia em que vão falar o tempo inteiro de eleições, pois em vários estados tem para governador também. Acho que vai ficar estranho, dias após a partida de Duprat, não perguntarem nada sôbre ele a uma pessoa que esteve diretamente ligada ao maestro. A não ser que Zeca Hebe Camargo fale alguma coisa antes da matéria. Isso "se" falarem no Duprat, pois 99% do Brasil não imagina quem é o cara e o que fêz. Oremos.

Esta foi tirada no Altas Horas. Será que ela vai estar com a mesma roupa no Fantas?
Quem mandou foi a Fernandinha, que estava barraqueando na hora da entrevista.


E mais um capítulo de RLML que ficou de fora. A origem dos Jones.


UMA SAGA ÀS CEGAS


A América do Norte é tida como um lugar ideal para se viver. Existem pessoas que não pensam bem assim. Falemos de uma delas.
Misture o estado do Alabama, sangue Cherokee, um assassinato, tudo envolvendo uma só pessoa e vamos saber porque.
A saga dos Jones faria inveja a Hollywood, e por isso, contemos tin tin por tin tin a semente de nossa amiga. Vocês verão que as confusões começaram cedo. Os dados foram lançados no finzinho dos 1700 e na parte inicial dos 1800.
Nesta fase, o Governo Norte Americano e os próprios índios Cherokees incentivavam casamentos inter-raciais, para aumento da população. Então nativos casavam-se com franceses, ingleses, alemães, escoceses e irlandeses, dando origem a uma raça mestiça. Mas, ironicamente, o avanço do sangue Cherokee veio fazer com que os 1800 marcassem o início da extinção dessa raça.
O estado da Geórgia, onde estavam os índios, começou a ficar atrasado em relação às últimas colônias a serem organizadas, e colocaram a culpa desse atraso nos Cherokees. Na verdade, os brancos sentiam inveja do desenvolvimento dos índios, e então fizeram pressões junto ao governo, para que este tirasse as terras das reservas indígenas, fazendo leis proibindo Cherokees de possuírem propriedades, terras, votar, ou serem testemunhas contra brancos em tribunais.
O resultado final destas leis, foi um holocausto para os índios que habitavam a Geórgia. Eles eram roubados, espancados, assassinados e torturados sem piedade, com encorajamento e consentimento do governo.
Os índios tentaram se defender perante a lei, criando as "Demandas Cherokee", que são usadas até hoje no relacionamento dos índios com o governo, mas a Suprema Corte, decidiu que a nação Cherokee, era uma nação dentro de outra nação, por isso, a Corte nada podia decidir. Foi o sinal verde para o massacre.
Uma lei da Geórgia, ditou que nenhum branco poderia viver em terras Cherokee sem o consentimento da legislatura do estado. Isso trouxe em questão os casamentos entre raças, e então, também os mestiços passaram a ter as mesmas penas que tinham os índios de sangue puro.
Para fugir dessa tirania da Geórgia, muitos índios e mestiços foram para outros estados, principalmente o Alabama, que era o mais próximo.
No começo de 1861, logo após a eleição de Abraham Lincoln, vários estados começam a se separar da união, para formar uma nova nação, e em abril, começa a Guerra Civil Norte Americana, onde o sul do país lutou contra o norte, que representava o governo, em batalhas sangrentas, que deixaram marcas profundas, com milhares de mortes.
A guerra terminou em 1865, com a rendição das tropas confederadas. No mesmo dia da rendição, 14 de abril de 1865, à noite, num teatro em Washington, Lincoln era assassinado, em circunstâncias até hoje não inteiramente esclarecidas.
Neste mesmo dia, nascia no condado de Marengo, mais um fruto da união entre uma americana e um índio cherokee. Não era nada usual. Geralmente a união era entre americanos e índias. O garoto jamais viu o pai, que sumiu no turbilhão daquele final de guerra, e a mãe, fiel às raízes do pai, colocou-lhe um nome de seus ancestrais. Seria algo que o vento não levaria tão facilmente. Um filho de Scarlet O'Hara com Touro Sentado.
Nesta época pós-guerra, descontente com os rumos tomados com o final das batalhas, Robert Norris, um elegante médico, resolveu deixar o Alabama e aventurar-se até a América do Sul, onde poderia começar uma vida a seu contento. Deixou a família e veio só, para ver como seria e depois então traze-los.

Nos Estados Unidos, teve início o chamado Tempo de Reconstrução. O final da guerra, trouxe a libertação dos escravos, e isso fez com que muitos brancos ficassem revoltados com a nova situação. A retomada das propriedades abandonadas na guerra e a não aceitação da liberdade dos escravos, fez com que houvesse um longo período sem lei, quando prevalecia a justiça da rua.
Usando essa situação como desculpa, foi fundada no Tennessee, em 1877 a Ku Klux Klan, organização que se dizia patriótica e cristã, pretendendo defender o povo sulista, derrotado na guerra, contra uma alegada tirania do governo federal. Pura fachada para uma organização racista, tendo como bandeira a purificação da raça, ou seja: só brancos eram aceitos. O nome veio da palavra grega kuklos, que quer dizer círculo. Diziam-se a Irmandade da Raça Branca. Um dos lemas da nazistóide sociedade era "Nascer branco é uma honra e um privilégio". Negros e índios eram sacrificados sem qualquer julgamento, suas posses tomadas e famílias dizimadas. Logo a KKK já estava em boa parte do Alabama, estado vizinho ao Tennessee.
O preconceito contra a mãe branca, fez com que o pequeno mestiço tivesse que se virar sozinho num mundo adverso. Ficou entre a comunidade Cherokee, onde aprendeu muito sobre a cura com os pajés, sem saber que seria de muita utilidade em sua vida e o mundo dos brancos, onde aprendeu a ler e escrever. Uma caixa de livros sobre filosofia, na casa da mãe, faziam sua festa na adolescência.
Logo o espírito aventureiro o colocou na estrada.
A pele escura e os olhos azuis deixavam muitas mulheres curiosas, e ele foi conhecendo os mistérios do amor.
Um dia, no condado de Clarke, após sair furtivamente de uma janela próxima a uma cama revirada pelo amor, foi até um bar para o último gole, antes de tentar achar um canto para dormir. Ao ver a unanimidade branca no recinto, quase voltou para trás, mas o sangue guerreiro e a sede não o deixaram recuar.
Em poucos minutos, após as provocações de praxe sobre sua virilidade, já estava envolvido em uma luta. O branquelo era enorme, com uma barba vermelha. Ficaram medindo-se à distância por algum tempo, mas ao levar um único soco na mandíbula, o gigante, que já devia ter tomado todas, caiu para trás, metendo a cabeça na quina de uma mesa.
Os gritos de incentivo foram se calando aos poucos, quando o líquido vermelho escorreu da cabeça do brutamontes adormecido.
Por azar e sorte, o xerife estava no local, e levou o índio rapidamente para a cadeia , salvando-o do provável linchamento.
No início da madrugada, o mestiço ainda não tinha conseguido dormir, quando Elroy, o gordo e beberrão carcereiro, chegou até às grades, e disse, sem esconder a satisfação "Hey, Chuva Molhada! McCabe acabou de morrer. Durma, que pode ser seu último soninho."
Nosso meio cherokee, sentiu que a coisa começava a ficar mais complicada do que já estava. Principalmente ao notar em cima da mesa de Elroy uma bata e um capuz branco, vestimenta dos temidos KKK.
Como sempre fazia, quando em situações complicadas, montava um tabuleiro de xadrez mental, e começava a jogar com as possibilidades. Estranhou que mesmo sabendo da morte do brutamontes, ninguém tivesse ido até à delegacia pedir justiça.
A fadiga da noite longa trouxe um sono conturbado. Acordou horas depois, já de manhã, ouvindo várias batidas de metal contra madeira. Subiu no catre, na ponta dos pés, e deu uma olhada para a rua, pela pequena janela da cela.
Um palanque estava sendo montado. Estranhou. Não era época de festas.
As marteladas continuaram. Quando foi olhar novamente, um poste já estava no meio do palanque, e uma outra trave estava sendo colocada na parte de cima.
Não precisava de muita inteligência para saber que aquilo era uma forca, e que quem mais teria possibilidades de usa-la em um curto prazo de tempo, seria ele.
Elroy chegou mais alegre que nunca, para seu plantão noturno. "Chuva Molhada se não fosse essa nova gravata que você vai ganhar, você iria conhecer nossa cruz incandescente. E seria muito mais divertido, eu lhe asseguro".
A risada fez com que o bafo que saía da boca cheia de dentes estragados fosse alcançar o cherokee a dois metros de distância. Uma mistura de álcool e comida estragada. Na barba, dava para saber o que o carcereiro havia comido nas últimas semanas, tamanha a imundice e restos diversos. A náusea, ficou com a causa meio indefinida entre aquele hálito e a situação complicada que estava se delineando.
Vários gritos de adeus e xingamentos, já chegavam pela janela da cela.
Elroy sentou-se com os pés sobre a mesa e disse "Vou beber à sua saúde, Chuva, para que você esteja bem fortinho para amanhã cedo", e virou a bojuda garrafa de cidra que era sua mais fiel companheira.
Então já tinha até hora marcada. Como sempre, haveria um julgamento com o veredicto já pronto, por formalidade e isenção de culpas. Tinha que ser rápido. Esperou Elroy acabar com sua garrafa de cidra, e roncar fortemente.
Tirou algumas farpas do colchão de capim e procurou uma pedra, nos cantos da sela. Não foi difícil. Com a pedra que achou, foi batendo forte no chão de pedra britada, conseguindo pequenas faíscas. Nada demais para quem viveu em uma aldeia.
Com algumas tentativas, conseguiu uma pequena brasa em uma das farpas. Fez um rasgo no colchão, colocou a brasa no meio do capim e foi soprando. Em breve, os dois colchões que lá estavam e os cobertores estavam em chamas.
Aos gritos acordou Elroy. Ainda bêbado o carcereiro quis correr para a rua, mas o índio começou a gritar “Me tira daqui, senão vou morrer antes da hora e vão por a culpa em você". O gordo ainda aturdido, pegou as chaves e abriu a cela.
Apenas um soco bastou para colocar o trôpego beberrão no chão. O meio índio saiu gritando "Fogo, fogo na cadeia. O assassino vai morrer lá dentro"
A fumaça do capim, não deixava ninguém ver direito o que acontecia.
Precisou abandonar o cavalo que roubou, para entrar na mata. Precisava chegar até ao Rio Mobile, que o levaria até à cidade e porto do mesmo nome.
Sobreviver na mata durante a caminhada era como seu dia a dia. Sem problemas. Em dez dias chegou ao porto.
Mobile era a segunda maior cidade do Alabama, e seu porto muito concorrido, por ser o mais importante do estado. Perambulando pelas docas, ouviu marinheiros dizendo de um cargueiro que precisava de braços para trabalhar, e pagavam bem, pois iam até à América do Sul.
O cherokee sabia que novos ares fariam muito bem ao seu pescoço, que já devia estar sendo procurado exatamente onde ele estava.
"É uma viagem longa, meu jovem. E arriscada. Está disposto? Zarpamos ainda hoje. Qual seu nome?" O capitão nem estava prestando atenção direito no que estava falando. Poucos aceitavam aquele tipo de viagem ao desconhecido.
Lembrou-se dos velhos livros de filosofia na casa da mãe, dos vários filósofos que tanto o tinham impressionado, mas o maior deles, em sua visão, era um grande orador, um magistrado, um cônsul, um escritor, famoso por seus discursos no senado em Roma, o primeiro grande promotor de justiça, que fez com que a opinião pública ficasse, até os dias de hoje, fascinada com mistérios e crimes, tamanha a veemência de suas acusações.
Isso passou por sua cabeça em apenas um segundo. Olhou para o capitão e disse "Meu nome é Cícero. Cícero Jones".
"Bem vindo a bordo, mr. Jones".
E aí nasciam os Jones, dos quais, sua mais completa tradução, será nosso principal assunto.
Por essa descendência, ela, a Jones atual, pode até se tornar membro da Nação Sulista cherokee, sendo mestiça.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hey Bart, como vai?

Ahhhh só quero ver no fantástico, até que enfim resolveram passar, nem lembre o dia que fiquei assistindo e nada de Rita Lee, kkkkkk... também, só eu...

Foi estranho também na reportagem do JN acho, que falaram da morte do Duprat, mostraram alguns cantores mas não a Rita, sei lá... mas vai fica estranho mesmo no fantástico, a não ser que como vc disse, comentem antes...

Esperemos para ver...

Henrique, beijão, cada vez melhor teu blog.

bye
Michelle

Anônimo disse...

Uma vez eu li numa entrevista antiga da Rita que de vez em quando a imprensa estrangeira procurava pela família dela por causa da Guerra de Secessão, para eles darem depoimentos, etc.
Cícero Jones monta o seu corcel na direção da América do Sul, não adianta, tava escrito, a Rita tinha que ser coisa nossa.

Anônimo disse...

Barraqueando??
Vc acha isso "bunito" né mr. Bartz .. ahahahha .. nem me lembre .. mas não foi barraco não ... heinnnn

E Ela vai estar mesmo com a mesma camisa amarela leenda do programa .. tomara que a entrevista seja longa .. pelo menos sei que foi demorada ..

... ai que dia feleez aquele .. 14 de setembro ...
Obrigada por aquele dia Ritz ....
muito brigadinha mesmo ....

e brigaduuu Bartiovisk pela saga da Nossa tradução inebriante ...

Ela é fantástica !!
Beetocas ..
f..lee