A conversa é mole, mas o papo é firme.

sexta-feira, setembro 29, 2006

A benção, meus pais

Em 1964, tanto eu como a Rita e o resto do mundo, estávamos fazendo a mesma coisa. Entrávamos no cinema na primeira sessão e saímos na última, para assistir trocentas vêzes um filme dos Beatles.
Todo mundo sabia todos os diálogos, os detalhes, o que os extras estavam fazendo no fundo, a ordem das músicas. Jô Soares levava até lanche. Nos era apresentado um novo som, um novo tipo de humor, uma nova vida para uma garotada que não sabia direito o que fazer depois de uma guerra devastadora.
Por culpa dos Beatles, a grande maioria dos jovens pegou num instrumento, e começou a imitá-los nas roupas, nos cabelos, nas atitudes. Era este o clima da metade dos anos 1960.
Rita muitas vêzes já contou que lambeu maçaneta, abanou a mão para John Lennon, queria casar com Paul McCartney, fêz belos desenhos caricaturais dos quatro em papel de pão.
Mas o melhor, veio há pouco tempo quando já com carreira mais que consolidada, Rita humildemente pediu benção aos iluminados, gravando "Aqui, ali, em qualquer lugar" com interpretações ao seu estilo daquilo que a pôs verdadeiramente na estrada. E assim sendo, foi porta voz do que todos nós beatlemaníacos de carteirinha gostaríamos de ter feito. Gravou um disco só com música dos ídolos.
Traduções sensíveis, interpretações delicadas, arranjos bem cuidados. E mesmo assim teve problemas para liberar algumas coisas. Yoko é mesmo cruel. Belas letras em português tiveram que ser gravadas em inglês. Há um caso em que está meio a meio. Na nossa língua só a parte aprovada. E algumas, mesmo gravadas, tiveram que ficar de fora.
Era pra ter uma grande brincadeira, mas também não aprovada. Um dia eu conto a história. Preciso achar a imagem de um programa onde ela cantou, em protesto à censura, para postar junto.

Primeiro, os mestres no original



aqui um link para ver a mestra numa das interpretações.

http://www.ghordomusic.com/ritalee/ecard/abrecard.htm

Está em inglês, mas vai clicando que chega no clip.

Quem mandou este foi o José Garcia Silva, que está perdido lá pras bandas de San Francisco, USA.

7 comentários:

Anônimo disse...

Tive aula de historia(Mpb e governo militar)e fiquei toda feliz qd o professor falou q o Rock mudou o mundo...citou Beatles, Mutantes, Chico e cia. Segundo ele, a Rita era uma jovem paulistana revolucionaria e muito criativa...imagina o tamanho do meu sorriso na hr...
Explicou como crescimento vertical do Rio influenciou a bossa nova...
Aiaiai...melhor aula ever...

Anônimo disse...

Esqueci de falar....All my loving é simplesmente linda...eu ate prefiro a versao da Rita...esses dias ouvi uma versao dela cantada em portugues por uma criancada...acho q no Raul Gil...tadinha da musica

Anônimo disse...

É engraçado... eu sempre gostei mais dos Stones! Desde pequena.
Nasci no ano em que os Stones começaram 62.
Não nego obviamente o valor imenso dos Beatles, mas os Stones me deixaram mais leegada.
Marlene e os Stones.
Não que deixe de gostar de Emilinha e dos Beatles... hehehe

Mas achei muito engraçada a história de lamber a maçaneta. Será vero ou invenção? Depois de tantos anos ela aparece com esta!!! hehehe
Ritz, Ritz...

Anônimo disse...

Deus nos abençoe.
Eu também, a gente ainda não se conhecia,e provavelmente assistimos as 300 vezes A Hard Days Night lá no cine centenário em todas as sessões , em todos os dias....isto é engraçado.
Eu tinha um amigo que trabalhava em uma gráfica e o Mr. Lennon era o meu favorito, mandei imprimir um cartão de visitas bem pequeno, c/ o nome dele e o endereço. Distribuia p/ os amigos..e todo mundo comentava.

Anônimo disse...

É um belo disco. Imagine (oops, não foi proposital...) um beatlemaníaco de carteirinha escrevendo um livro sobre a Rainha e, de repente, descobrir que ela estava gravando um disco inteirinho com músicas do Fab 4... Conta aí, Henrique, houve alguma participação sua nessa história?

Anônimo disse...

Beatles .. Beatles .. Beatles !!!!!!!!!! ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha ..

São sempre atuais ... são sempre magnificos ...

yê .. yê.. yê ...
f lee...

Anônimo disse...

Eu vi o show que a Rita fez na Argentina, o "Aqui, ali, em qualquer lugar". Vi num dvd do Brazix muamba, hehehe. Achei que ela estava muito feliz lá, com a acolhida do público. Imagina se seria diferente... ela cantou "Besame mucho" e ficou muito bom...
Quando vi esse show em homenagem aos teus pais, Bartô, e aos dela também, no Canecão, tive uma crise de choro no final.
Mas Beatles fez muito a cabeça da minha irmã mais velha, que nasceu em 1958, eu já peguei mais a carreira solo deles, que a Rita não acompanhou.
Adoro tudo do disco, mas a versão "Tudo por amor", pra mim, é sensacional, porque é a minha cara.

"Vender a alma por dindim
Pra comprar uma Ferrari
Sonho de consumo é tão chinfrim
Um belo dia você vai se ferrar e
Não me venha com seu money
Que se dane eu quero amor"