A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, janeiro 09, 2011

O que foi feito no verão passado

Enquanto 2010 ia capengando, muitos livros foram lidos, e ajudaram na trajetória.

O maior número de letras, vieram de dois caras que só encarei agora, que são Haruki Murakami, japonês, e Roberto Bolaño, chileno que teve que queimar o chão de lá para continuar vivo, mas que acabou indo cêdo pelas malidicências corpóreas.

Os dois tem vários títulos por aqui. Murakami mostra que dentro de um japa também bate um coração. Os textos dele são muito baseados em música, do jazz ao pop, e quem gosta vai ter muita diversão. Bolaño quando soube que não ia escapar, desandou a escrever para cuidar dos herdeiros e é um grande inovador como todo bom escritor latino americano. Estou em Antwerp, pequenino mais louquíssimo, e preciso arrumar coragem para encarar 2666, enorme, que já me olha aqui da estante. Quem arriscar, vai passar bons momentos.

Acabei de fechar Life/Vida, do Keith Richards. É uma outrobiografia, ou seja, o cara dita, outro escreve. É bom que eu diga que eu era/sou um garôto como aquele outro que amava os bítous e o istonis. O mesmo impacto de I wanna hold your hand, foi sofrido com Route 66, primeira que ouví. E o grande susto e prazer de ouvir pela primeira vêz o riff de Satisfaction dura até hoje. Sem bairrismo, viva a música.

Não estragarei surpresas, mas o entendimento diminui muito para quem não sabe da obra dos istonis, drogas e falta de sexo. Tem que acabar o mito da trilogia S, D & R'n'R. Onde tem muita droga, não tem sexo e por fim nem mesmo roquenrou.

Keef gasta seu tempo reclamando de Jagger, e tentando justificar as sacanagens para se chegar ao topo do mundo, que acontece com todo mundo que faz o caminho da Combostela. Brian Jones, praticamente o dono da idéia original, foi enxotado, mas morreu logo que foi saído, e não ficou o risco de reaparecer como Tonzé. Também Ian Stuart, verdadeira base do começo por ter uma banda, e que foi defenestrado por ser feio. Também já se foi (um complô?).

Andrew Loog Oldham, o cara que os descobriu nos buracos de Londres, arrumou contrato com gravadora (havia trabalhado com Brian Epstein, e sabia que o sêlo que havia dispensado os bítous não faria isto duas vezes), arrumou uma música de Lennon/Mcartney inédita para um single que os colocou na parada, os levou para o states, onde gravaram e aprenderam técnicas que não existiam na Inglaterra, e principalmente trancou jagger & richards numa cozinha e não os deixou sair até terem uma música composta, no caso As tears go by, da qual tinham vergonha no começo, mas que após o sucesso com Marianne Faithful, foi reconsiderada. Lógicamente Oldham quando não mais interessou, levou pé na bunda. Muito bons os dois volumes que Oldham escreveu, Stoned e 2 Stoned, onde conta tudo em detalhes e que perigas virar série.

Richards trata Bil Wyman como nada, fala bem pouquinho de Charlie Watts, e nem conta que o batera quase se foi por ficar dependente de heroína, que o próprio Richards trouxe para o convívio.
Ron Wood é tratado como bobinho.
Chega ao ponto de dizer que jagger tem saco grande e pinto pequeno (sem comentar que em compensação tem muuuuita grana, garotas), só para se vingar do amigo que catou sua mulher...que ele havia catado de Brian Jones. Achou traição jagger querer fazer carreira solo e cantar músicas dos istonis em suas apresentações...e gravou discos solo e cantou músicas do istonis em suas apresentações. A bronca total vem com a indicação de jagger para sir da rainha.
E a tolerancia de jagger com sua chapação, não foi a mesma que ele deveria ter tido com Brian Jones. Em 90% do livro, as histórias vão até 1980.

Resumindo? Imperdível. Mas jagger tem que escrever a dele para completar o lego, o que duvido muitíssimo.

Logo encaro a do Lobão, que vendeu muito no final de ano. Alguém já leu?

A grande notícia, foi que Ritz anunciou no twist que esta preparando dois registros, um de inéditas, outro de trilhas de cinema in bossa. Mais duas oportunidades adoráveis de curtir nossa
Clarita Leespector em ação. 2011 vai indo bem.

2 comentários:

Luiz Tinoco Cabral disse...

que bom que voltou! Também preciso adquirir coragem para mais um ano de textos. Bolãno e muito bom! Não deixe de ler aquele de contos das Putas Assassinas" Tem contos memoráveis. Outra coincidência é que estou lendo o Murakami! Exímio corredor e antigo proprietário de uma casa de Jazz em Tóquio. Curte rock dos anos 60 , Jazz etc. Uma boa dica é ler também a Graphic Novel "Os Beats". que conta a estória das personagens mais improváveis e também da banda "The Fugs". É isso aí. Bom ano para vc e sua família!!! abs Tinoco http://tinocabralia.blogspot.com

Simoni disse...

Estou debruçada na sociologia de Zygmunt Bauman e seu conceito de 'líquido' para descrever a nova ordem das relações sociais.