A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, agosto 30, 2009

Cria cuervos

Será que vou ser o primeiro a comentar os New Mutas em português?

Acho que não...na blogosféra é como no amor: quando se pensa que vai ser, já foi.

Bem, o nome Haih or Amortecedor, a gente deixa pro Dias explicar nas entrevistas, já que foi ele quem tirou a foto do côrvo da capa, acho que em Paris. Chique né? Paris sempre foi a terra dos corvos.

De cara já é bom dizer que é um trabalho retrô. Não tem aqueles barulhinhos eletrônicos que assolam as músicas de agora, não tem levadas eletrônicas e parece que são mesmo pessoas tocando e cantando de verdade. O trabalho é 1/2 Sérgio fase solo, 1/2 progressivo e 1/2 Mutas do comêço. A chave é conseguir somar 3 metades para dar um. Sérgio continua com a voz anasalada e com o sotaque mais paulistês que nunca. A voz de Bia não tem nada a ver com Ritz e nem La Duncan. É na verdade um timbre bem diferente das cantantes atuais que andam surgindo aos borbotões.

Infelizmente o que ouví, e espero que seja assim, não deve ser a masterização final, pois não dava para entender muito das letras.

E novamente um dos maiores guitarristas não só daqui, persiste em ser econômico em gravações. Porque será?

A primeira sonoridade, é Hymns of the world, part 1, assim em inglês acho que já pra enturmar com twiteiros, blogueiros, facebookeiros, que adoram botar um shakespeare pra gastar no meio das conversas. Infelizmente é uma colagem, e colagens são feitas para se ouvir uma só vêz. Tudo começou com Yoko metendo o bedelho na cabeça de Lennon e fazendo aquele number nine, number nine, no meio do álbum branco. Quem disser que ouve sempre colagens, vai ter de brinde um emprêgo com o Sarney ou de caseiro do Palocci. Hinos do mundo, acho que para buscar uma integração como mensagem hippie de paz, seria? Bom, na segunda audição já dá pra pular.

Daí vem Querida, Querida. Porque será que falam quirida, quirida? Parece firida. Mas tem energia e Sérgio exigiu muito de Bia, que vai até o último galho da árvore, algo feito por Ritz em Meu refrigerador não funciona, e que acabou só funcionando para detonar a voz da original. O arranjo é uma homenagem direta a Duprat. Mas não é um Duprat legítimo. Pena.

Teclar já rodou por aí de amostra. World music com toques arabescos. Vocais Mutas lá de 68.

2000 e agarraum é 2001 revisitado em missão sem astronauta. Mesma fórmula de misturar algo regional brazuca com uma latinidade abolerada, com uma pitada de Quem tem mêdo de brincar de amor. A letra de Tonzé deve ser boa, mas não dá pra entender muito. O resultado é bom. Bia e seu timbre adaptado ao quesito. Ainda tem a lembrança de colocar Caymmi no final, à la Chão de estrelas, esculhambado em outros tempos.

Bagdad blues seria um blues homem-bomba? Dias solando, com vocais Mutas e uma harmonia ao menos fugindo do clichê blues, com metais bem tortinhos. Dias grita, é bom avisar.

O Careca vem de Benjor. É o minha menina da vêz, mas esta era do Jorge Ben, o que faz diferença.
E será que entendí bem? O careca será mesmo o digamos, complemento do macho? Ben já fez homenagem ao anjo 45 e agora...bem, fazer o que? Levada Jorgiana. O careca esta no banho, o careca mandou avisar. Solo tb de El Dias.

O mensageiro é filho de Filhos do silêncio, neto de Cidadão da terra dos solos de Dias. É a que não aparece nada com Mutas, mas meus caros, se for tocar no rádio, é essa. Gruda. Mas fazer o que, é um disco dos Mutantes. E pra quem será que ele canta feliz aniversário? Bem, êle pode explicar também nas entrevistas. Tambem tem o toque gospel que sempre permeia os trabalhos solos do Baptista. Comprando lugar no céu, sem ser pela Agência Edir? Só para não pagar a sacolinha?

Anagrama é a mais Mutas de todas. Clássica. Meio bonheur du jour com qualquer bobagem. Bia cândida. Parece até a...bem não vou dizer que ela vai odiar, eu sei. Esta também gruda.

Samba do Fidel é El justicero em la isla. Sem o humor da original, claro, pois os palhaços não estão na jogada. Mas Carlos Santana continua. Pitadas de besame mucho e Ray Conniff. Sim, sim. Solo del Dias por supuesto.

Neurociência do amor, parte do riff de uma música do Led Zeppelin, misturada com o tempo no tempo (versão dos mamma and pappas do primeiro disco dos mutas). Mas é bem Mutas, acrescentados de um pouquinho de inglês, para postar no twitter, no facebook, no putzkioparutz. Boas guitarras.

Nada mudou. É o nome da música, e não para dizer que são mesmo os Mutas. Bem sessentinha mesmo, meio fanfarra, muda de levada. Bia e seus timbres. Todo mundo vestido de Sargent Pepper. Pitadas prog. Nesgas de Senhor F.

Bom gente. É retrô, então tem que ter um hare krishna no pedaço. Sérgio, além do gospel, sempre investe no lado oriental, porque é bom garantir passagem em duas conduções, por via das dúvidas, para se chegar ao nirvana, com ou sem koubain. Existe uma clássica do Lennon, que diz que um dia ele comunicou ao maharishi que não iam ficar mais meditando lá no sítio dêle. O Maharishi, surpreso, perguntou porque, e nosso representante do outro lado, disse que se ele sabia de tudo, sabia também porque ele estava indo embora. Então, hare, hare, e vamos parar nesta oração, antes de entrar na última do disco, que é....isso mesmo, a parte dois da colagem, com direito a virundum, obama, e assim vai. Fazer o que?

Resultado final? É bom, dá pra ouvir na boa e antes de sair falando besteira, é bom ouvir várias vêzes pois é bem complexo. Eu acho que quem gostava vai continuar gostando, quem não gostava, vai continuar odiando. Só resta saber o que acharão os que nunca ouviram dantes.
Cartas para a redação.

Lembrando que por enquanto só sai nos states, onde os eles estão fazendo vários shows.

18 comentários:

FernandoDANTE disse...

Só uma pergunta: onde o Sr. achou o disco?

goofy disse...

gostei da crítica, mas achei que em alguns pontos foi meio parcial. pode ser impressão minha, se foi, desculpe!
E Bart, Nada Mudou o vocal principal é o multinstrumentista Vítor Trida, que tem uma voz suave e quase feminina, também pensei que fosse a bia. Eu não se que versao você ouviu, mas tem uma rolando pela net que já é masterizada e dá pra entender muito bem! Quanto as letras, também já foram divulgadas na comunidade do orkut de Haih, dá uma olhada lá!
Abraços

Henrique Bartsch disse...

Por aqui geralmente não respondo direto no post, e como os fregueses são geralmente os mesmos, a gente vai se falando em outros posts, e-mails e quejandos. Mas pelo teor, vai pintar gente nova e então:

Fernando: Foi um corvo, amigo do Edgard Allan Poe, que me mostrou, mas pode ficar tranquilo que corvos espalham seus pertences pelo mundo afora. De Qualquer forma, o meu original esta comprado na Amazon, mas chegaria só em outubro. O gato, por enquanto, nãomorreu desta curiosidade. Logo, logo vc ouve. Seja bem vindo.

Goofy: já na primeira linha digo que é um mero comentário. Longe de mim crítica, que abomino. É só um parecer de um mutantófilo das antigas, que quer ver a coisa andando numa boa, se possível pescando pessoas no mar. Comentei sem qualquer ficha técnica e é muito bom que uma pessoa bem relacionada como vc deixe caminhos para que tenhamos as melhores informações. O intuito disto tudo é fomentar as pessoas a ouvirem o trabalho, que vale muito a pena. Seja tb bem vindo.

Elder Henrique disse...

Boa resenha, e concordo com quase tudo. Só digo que gosto de Hymns of the World.

henrique bartsch disse...

Ah, Dom Elder...resenha é uma boa palavra...e se concordasse com tudo, vc estaria excluído da turma mutantófila...bem, agora vc escolhe se quer o emprêgo do Sarney ou o do Palocci...benvindo, tb

goofy disse...

Sem problemas Bart. Acho que ao ler teu texto sob a perspectiva de 'o autor de Rita Lee Mora Ao Lado', podemos sofrer influencia de uma hesitação em entender se o que tu escreveu é ironia ou não, crítica ou elogio. Mas tá de parabéns, e se quiser o outro link de Haih que tá por aí, pede pra Maga [Simoni]! (se não foi o mesmo que você baixou né).
Eu só não frequentei seu blog antes porque não sabia que existia, não vim aqui pra futricar não haha!

Anônimo disse...

Goofy...dizer o que se pensa não é futricar não...manda bala, pois senão vira Senado...mas bebendo do próprio veneno, será que vc me elogiou ou criticou?...brincadeira, meu caro...mas agora fico só na espera de meu exemplar original, mesmo que demore um pouco...vire freguês.

Henrique Bartsch disse...

putz...não é anônimo não...soy jo que não soave

goofy disse...

Claro, claro. Tá tudo beleza pra xuxu! Eu vou encomendar o meu Haih na amazon ASSIM que eu descobrir como mexer naquilo lá. Eu falo inglês e tal, mas fico perdidinho haha.

Anônimo disse...

Hey Bartsch! Belê?

Então, eu considerei bem bom o resultado final. Gostei bastante da seleção de faixas, todas em bom português para gringo ouvir.
Considero fundamental uma loira bonita cantando nOs Mutantes.
Gostei especialmente das faixas que Bia sola, e nunca vi um arranjo valorizar tanto uma letra como em 'querida querida'.
'Anagrama" é minha favorita, tem uma letra leve, divertida, teatral e é muitíssimo bem interpretá.
"O careca" parece um auto-elogio do Bidu, mas cabe tb para o Marcos Valério. A flauta na intro foi providencial.
"Nada Mudou" é moderna, lembra muito Júpiter Maça.
Minha expectatva em relação ao Vítor Trida se confirmou. O menino toca vários intrumentos, canta, compõe e arranja. Queria um filho assim!
Enfim, um belo disco. Depois que Ela saiu, considero esta a melhor formação e este o melhor trabalho.

Deixo o convite para comemorar os 10 anos de lançamento do álbum TECNICOLOR, dia 06 de setembro, a partir das 15h nos Pergolados do Parque das Águas Brancas, em Sampa. Será realizado um Pic Nic durante o III Encontro de Gerações Mutantes. Mais detalhes no perfil http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=2997442392708289552
Sintam-se todos convidados para esta maravilhosa festa.
Bjs

Henrique Bartsch disse...

Anônis...uma introdução de flauta é algo bem fálico, que nem Fróide explica ou sai de cima...lembrando da velha fama de Jorge Bengala e sabendo que Valério passou a mão...bem, isso vai longe...valeram os comentários, e quem puder, rumo a Sampa comemorar a independância.

Norma Lima disse...

Mutantes? Ué, não acabou em 72?
Hohoho

Moni disse...

A literatura especializada e os registros sonoros mostram que não, que existiu vida produtiva depois de 72.

Olha a Livraria da Folha rrrecomeiiindando RLML!!!!
"Biografias revelam intimidade, manias e traumas de famosos"
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?edt=27&id=47211

News em primeira mão aqui no Blog do Bart: Ontem à tarde foi aprovado pelo MINC, através da Lei Renault, autorização para captação de recursos para o projeto Mutantes Depois. E já tem uma agenda no Brasilwillwillwill para o próximo ano.
Até outubro, a banda segue nos EUA, em tour.

Denise disse...

Minha opinião sobre o disco novo:

Gostei! rsrsrs...

Realmente está longe dos grandes discos dos Mutantes, mas, está bom!

O disco nos remete à fase com a Rita (fase clássica), principalmente aos discos 1968, 1969 (extremamente) e a Divina Comédia...

Curti quase todas as faixas. As que mais gostei foram: "Querida Querida" (quirida... kkkkkkkk...), "Teclar", "O Mensageiro", "Neurociência do Amor" e "Nada Mudou", que aliás, é sensacional!

Este novo trabalho me pareceu um resgate da fase de maior prestígio dos Mutantes, que foi a fase tropicalista até 1970. Encaro-o como um tributo.

A questão é, se fosse um disco de Sérgio Dias e cia., as pessoas meteriam o pau porque lembra os Mutantes. Como disco dos Mutantes, as pessoas, com certeza, vão meter o pau porque "Nada será como antes". Portanto, quando este disco for lançado, várias discussões babacas vão surgir... rsrsrs...

O mais importante é que a sonoridade da banda no disco é excelente. Todos os participantes deste trabalho dão o melhor do seu talento ali. Sérgio Dias está impecável. Sim, falta Rita, Arnaldo e Liminha, mas, a qualidade é muito boa. O contexto é outro e esses bons sons superam.

Outro lance legal disso é que este disco mostra que ainda é possivel fazer sons psicodelicos de primeira hoje em dia. É possível usar as influências que os Mutantes deixaram sem medo de errar.

Enfim... ouvi duas vezes o disco e o que posso dizer que, por enquanto, é isso... mas, tenho certeza de que ainda vou descobrir muitas coisas neste trabalho novo e corro o sério risco de amá-lo ou odiá-lo. rsrsrs...

Beijão, Bart! Gostei do texto!

Henrique Bartsch disse...

Normix - Mutantes acabou em 1972, Elvis em 1976, Lennon em 1980, Jakson em 2009, mas ninguém acredita nisso, acredita?

Moni - Obrigado pelo presente e pelo furo jornalistico aqui no pedaço, guria.

Deznise - Assim que é legal...dar a opinião dolha a quem dolher...obrigado pelo carinho de sempre...

Amanda Mirasierras disse...

Gostar eu até gostei.
Não consigo afirmar que "ohhh, é genial" pq não vi novidade alguma no álbum. Mas po, são os Mutas, os inventores de novidades! Falta o quê para ainda ser inventado, no fim das contas?
É muito bem feito, muito bem acabado, tá na cara que houve muita dedicação do Sérgio. Ops, dos Mutantes.
Certamente uma boa obra, mas não conseguiu tocar meu pobre coraçãozinho.

Anônimo disse...

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semelokertes marchimundui

Anônimo disse...

Eu não costumo postar em blogs, mas seu blog me obrigaram a, incrível trabalho .. lindo ...