A conversa é mole, mas o papo é firme.

segunda-feira, junho 25, 2007

Natal e Liberdades com CV

Uma das entrevistas sôbre RLML que saiu em Natal. Quem mandou foi a Adriana Amorim, e quem fez foi o Rafael Duarte

Bate Papo: Henrique Bartsch - escritor e músico
06/06/2007 - Tribuna do Norte

“Eu disse a Rita: vamos nos divertir”

Você acredita em biografias perfeitas?
HB: Não acredito. Tem muito erro. Estou lendo agora a biografia da Maysa (lançada em abril pelo escritor Lira Neto) e para quem viveu a época sabe que não foi assim. E tem biografia onde você ainda encontra coisas do tipo “fulano sentou na cama, olhou para o céu azul...”. Porra, como é que o cara sabe disso? O Bob Dylan, por exemplo, escreveu uma autobiografia mas conta a mesma história mil vezes de forma diferente.

No caso, você se refere a biografias autorizadas. E quanto às não-autorizadas pelo biografado?
HB: Acho que o escritor pode fazer um trabalho mais completo, não tem aquela pressão de submeter o trabalho ao biografado. Eu mesmo, no início, fazia um capítulo e enviava por e-mail para a Rita. Mas isso só no começo mesmo, depois de um certo tempo disse que só entregaria tudo no final. E fui ético.

Até onde vai o limite da ética numa biografia?
HB: Vai até onde o biografado diz: “discordo” ou “eu não gostaria que isso fosse a público”. Quando iniciamos as conversas por e-mail, a primeira coisa que disse a Rita foi: “vamos nos divertir”. E o que viesse depois era outra história. Deixei bem claro que se chegássemos no final e ela não quisesse publicar o livro, não publicaríamos.


A rainha do rock que mora na biografia

Tudo começou com a gravação amadora do primeiro show solo de Rita Lee, em São Paulo, pelo músico paulistano Henrique Bartsch. Natural de Ribeirão Preto, ele foi ao show na capital com um gravador de fita, registrou e guardou o material por mais de 20 anos. Henrique não sabia, no entanto, que por conta de um mal-entendido, Rita imaginou ter sido vaiada durante a histórica apresentação. Tudo porque as pessoas sentadas na parte de trás da casa xingavam os retardatários que demoravam a se sentar, para poder enxergar melhor a cantora no palco. Quando soube que o fim de uma das maiores frustrações da carreira de Rita Lee dependia daquela fita velha guardada como relíquia, tentou um contato. Isso em 1998. Era a chave certa que abriria o baú de histórias e recordações da musa roqueira no livro “Rita Lee Mora ao Lado - Uma biografia alucinada da Rainha o Rock”, lançada segunda-feira na Bienal. “Entrei em contato por e-mail para mostrar a gravação. Após o alívio da cantora, fomos vendo que tínhamos algumas coisas em comum, como o fato de sermos descendentes legítimos de italianos”, conta.

Durante a troca de e-mails, Bartsch e Lee foram se afinando, relembrando histórias da época dos Mutantes e outras recentes. O músico então sugeriu à roqueira que escrevesse sua própria biografia. “Ela disse não pensar muito nisso; e depois fui entender o porquê desse comportamento. Rita não gosta de nada dela. Quando termina de fazer um disco, não o escuta mais. Ela não se auto-idolatra. Particularmente, acredito que ela é uma pessoa escolhida, iluminada”, analisa o autor, cuja relação com Rita não passou de quatro encontros pessoais. Por conta própria, Bartsch foi reunindo as mensagens trocadas pela internet em capítulos e, no início, à medida em que terminava cada um, mostrava o resultado. Outro ponto que deixa o trabalho curioso é a presença de uma narradora personagem no texto. A biografia de Rita Lee é contada do início ao fim pela vizinha fictícia da cantora, Bárbara Farniente.

O recurso foi uma das ferramentas usadas para ganhar mais liberdade na hora de contar a trajetória da roqueira. A pesquisa feita pelo autor se restringiu aos depoimentos por e-mail de Lee. Ainda assim, conta que as fases mais complicadas da vida dela foram contadas, como a separação do marido Roberto de Carvalho - chegava a tomar três litros de uísque por dia - e a relação com as drogas ilícitas, embora o resultado não tenha ficado depressivo.

O livro está dividido em duas partes: antes e depois da participação de Rita Lee na banda “Mutantes”. Uma das passagens curiosas é a expulsão do grupo da Jovem Guarda. A banda formada por dois homens e uma mulher foi vista como uma ameaça às pretensões de Roberto, Erasmo e Wanderleya. “Foi uma sacanagem do empresário e do Roberto Carlos. Mas a fase mais complicada foi quando Rita, perto dos 50 anos, sofreu um acidente que quase a impossibilitou de cantar para o resto da vida. Os médicos disseram que nunca mais ia poder cantar. Foi quando parou de beber, de usar drogas. Até hoje, todas as quartas, Rita não fala uma palavra, não faz show, não sai de casa. Tudo o que quer dizer, escreve num papel”, revela o escritor .

(e assim foi uma das matérias de Natal)

Esta eu não tinha visto, mas é mesmo um assunto engraçado. Dá para sentir CV no limite de aceitar ou apelar. Groissman intervem pelo bem estar público, ao final.

5 comentários:

Anônimo disse...

Sei que sou suspeita pra emitir qualquer opinião sobre um livro sobre Rita Lee escrito por alguém que considero um verdadeiro amigo, mas não é por estar na sua presença... o RLML é uma das grandes sacadas em termos de estratégia biográfica.
E não sou a única a pensar assim, pra mim, a grande chave do texto - que fornece a ele originalidade - é justamente a de interrogar o real, pois que além da realidade ser relativa, as histórias de RLML se compõem a partir das lembranças da biografada.
Então, importante é sacar o que Ritinha achou válido ser lembrado - ou do que guardou no coração, com sua memória afetiva, embora ela insista em dizer que não tem mais memória.
Outra grande sacada sua, Bart, foi a de mostrar que a troca de e-mails não é futilidade, e que só depende do nosso talento saber tirar das tecnologias o que de melhor há.
Você calou a boca desse povo que vive reclamando por ela só dar entrevistas por e-mail, veja o que você conseguiu extrair de dona Rita através desse tipo de contato! Uma obra bem bacana.
Você, ao ficcionalizar a biografia, mostrou que é muita pretensão querer reconstituir fielmente o passado. E entrou no barato da RAINHA, que sempre disse TUDO sem a menor pretensão de fazer a cabeça de ninguém.
I love you! Parabéns, sucesso sempre!

Anônimo disse...

Oi Bartsch. Do livro para a entrevista, o limite de 1 litro de whisky/dia passou a 3(pequeno exagero, afinal, é tudo ficção). Semana passada, comecei a reler RLML.
Ali na platéia do Groissmann estava a deputada federal Manuela D"Avila PCdoB), que com meu voto foi a candidata mais voatada na última eleição. Ela tem 22 anos e utilizou "Luz Del Fuego" em um boletim do seu mandato. Vou votar nela pra Prefeita de Porto Alegre no próximo ano!
Ontem fizemos 2 avalanches no chiqueirão! Bjs tricolores!

Anônimo disse...

Uma das maiores coisas que sempre adimirei em Ritz, desde pequena foi a franqueza. A naturalidade de não ter papas na língua !

Bart volto a dizer qie vc arrasou no RLML, vou ler para os meus filhos dormirem hehe

Bjs



Dani Lee

Anônimo disse...

Excelente entrevista. Adorei as perguntas e respostas.
Realmente,O RLML eh maravilhoso..Muito criativo. Fico feliz de Rita ter uma biografia a altura dela, ou seja, criativa.

Vejo que vc e Rita tem realmente coisas em comum...tanto que as vezes eh dificil distinguir o que vc escreve e do que ela escreve, da tao parecido as vezes.

Abracao!
Parabens uma vez mais.

Neco Vieira disse...

Heheh


realy,

arrasou na entrevista

amei


e o video

ushaushaush


igualzinhoo...

uahsua

bom cover


...

até mais