A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, maio 13, 2007

Diz Curso

A vocês mamães de verdade e às em potencial, um dia só para lembrar que amamos voces todas, presentes ou não. Parabéns.

Como presente do dia das mães, duas matérias com a mãezona mór:

Primeiro uma do Pedro Sanches, na Carta Capital que saiu sexta em forma reduzida, e que ele promete colocar na íntegra no blog dele, e nós linkamos, embora o papa ache que linkar continue sendo pecado.

A desconstrução de Rita Lee
por Pedro Alexandre Sanches
A exemplo do que fez Chico Buarque, Rita Lee usa a caixa tripla Biograffiti para desconstruir um naco da imagem ilusória da “pop star"

Artistas brasileiros consagrados começam a utilizar o formato DVD para avançar alguns milímetros além do trivial e, por vezes, recontar sob ângulo próprio e particular a participação que tiveram na construção da história da música brasileira. A exemplo do que fez Chico Buarque (num pacote com 13 volumes chamado Desconstrução), Rita Lee usa a caixa tripla Biograffiti (Biscoito Fino) para desconstruir um naco da imagem ilusória da “pop star”, lustrada ao longo de quase quatro décadas.
Numa mistura de shows (novos e antigos) com documentário, música pública e memórias privadas alternam-se e se confundem, em especial nas cenas em que ela aparece criando três canções inéditas, e assim as torna públicas antes de elas estarem 100% prontas. Abaixo, perguntas de CartaCapital que Rita respondeu por e-mail.

CartaCapital: Um momento tocante de Biograffiti é o depoimento sobre seus pais, em que você mergulha por passagens tristes, que contrastam com sua imagem pública quase sempre alegre. Como é compartilhar com o público esse lado menos conhecido?
Rita Lee: Todo palhaço tem seu lado triste, não é mesmo? Nas entrevistas me senti como se estivesse na minha terapia. As gravações foram feitas em lugares confortáveis, a equipe era gente fina, então não havia por que não responder as perguntas que me fizeram.

CC: Por que inserir nos DVDs imagens do processo de construção de músicas novas, antes de elas estarem prontas?
RL: A graça está justamente em mostrar o processo de gravar uma “demo” tosca, sem arranjo definido, a letra podendo mudar, uma situação ainda brincalhona e descompromissada, que posteriormente será aprimorada. Ou não.

CC: Numa passagem você comenta que, sob efeito de drogas, fez as melhores e as piores músicas. Toparia citar alguns exemplos?
RL: Das melhores posso citar Coisas da Vida, Lança Perfume, Mania de Você, Orra Meu, Papai, Me Empresta o Carro, Shangrilá, são tantas emoções... As piores eram tão ruins que fiz questão de deletá-las em benefício da minha auto-estima.

CC: Os Mutantes realmente a convidaram para participar da volta do conjunto? Ou teria sido um convite pro forma?
RL: O Sérgio Dias cansou de me convidar, e sempre declinei. – Por Pedro Alexandre Sanches


Esta outra saiu na Falha no domingo passado.

Aos 60, Rita Lee radiografa sua vida e carreira
Cantora paulista lança três DVDs contendo entrevistas, imagens de arquivos e depoimentos de outros artistas
Em entrevista, ela fala sobre feminismo e diz quanto os Mutantes teriam de pagar para ela voltar a fazer show com a banda
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

"Sempre achei que meninas boazinhas são chatas. Gosto de nadar contra a maré. Faço questão de manter a minha fama de mal." Essa é Rita Lee, nas primeiras cenas de "Ovelha Negra", um dos três DVDs que a cantora lança nesta semana. Rita Lee está com 60 anos.
Lançou mais de 30 discos, incluindo aí "Ao Vivo" e "Acústico" e os álbuns com as bandas Mutantes e Tutti-Frutti.
Os três DVDs traçam parte da trajetória da cantora paulistana. São divididos tematicamente. "Ovelha Negra" é dedicado aos primeiros anos da carreira de Rita. "Baila Comigo" foca na "vida na estrada", enquanto "Cor de Rosa Choque" relaciona Rita Lee com o feminino. (Os DVDs serão vendidos separadamente ou em caixa.)
O material contém cenas de shows, imagens de arquivo, depoimentos de outros artistas (como Caetano Veloso e Tom Zé) e, principalmente, entrevistas com Rita Lee, em que a autora de "Lança Perfume" fala sobre Mutantes (veja texto nesta página), tropicalismo, ditadura ("Que ditadura que nada... Eu vou é tomar um ácido")... Por e-mail, Rita Lee concedeu entrevista à Folha.
FOLHA - Você é considerada uma pessoa versátil, não apenas como cantora, mas como artista. O que vem pela frente (está escrevendo livro, certo?)? Falta algo que queira fazer? Com tudo por que já passou, se arrepende de algo?
RITA LEE - Para fazer o que tenho na cabeça, precisaria de mais 60 anos. Escrevi um livro faz um tempo, mas ainda tenho dúvidas se vou publicá-lo, é uma literatura inútil demais. Até hoje me arrependo de ter participado do primeiro Rock in Rio, em 85.


FOLHA - Você diz: "Roqueiro no meu tempo era oposição, hoje é situação". Esse é um problema da geração roqueira de hoje ou é algo mais amplo, intrínseco ao próprio mundo atual? O que seria ser transgressor hoje em dia?
RITA - Roqueiros de hoje não têm cara de bandido, como tinham no meu tempo. A geração flower power, que hoje está infiltrada nos governos, tem a cara-de-pau de votar a favor do armamento e jura que nunca fumou maconha. Se aparecesse um novo Garrincha, certamente iria passar batido pelos clubes estrangeiros porque não apresentaria um perfil de beleza para vender produtos esportivos. Transgressor mesmo é um eremita que vive na caverna e se alimenta de sementes.


FOLHA - A música brasileira está conseguindo se renovar bem? Que artistas mais te chamam a atenção?
RITA - Sempre teve muita coisa boa e muita coisa chata rolando nos salões da nossa querida música brasileira. Hoje em dia existem muitos artistas-relâmpago, aqueles que mal acendeu, já apagou, então eu decidi que só vou começar a me interessar por um artista se ele sobreviver ao terceiro trabalho. Uma banda de rock é cult até começar a fazer sucesso, depois neguinho já torce o nariz... Eu sou fã do Charlie Brown Jr.


FOLHA - Além de morar em São Paulo, por toda a sua carreira sua imagem sempre foi muito ligada à cidade. A São Paulo sem outdoors está melhor do que a São Paulo de "Ovelha Negra"? Como melhorar a vida na cidade?
RITA - Vamos combinar que nossa querida São Paulo está bem mais jeitosinha sem aquelas assombrações de reclames que infestavam a cidade. Ah, se eu fosse milionária, comprava uma tonelada de sprays e pagava um bando de grafiteiros para colorir a cidade. São Paulo tem os melhores grafiteiros do planeta.


FOLHA - Uma pergunta sobre os Mutantes é inevitável. Você, até um tempo atrás, se mostrava reticente quanto ao retorno da banda e não topou se juntar ao grupo. Você viu as apresentações da banda? O que achou? Há alguma possibilidade de fazer algum show com eles?
RITA - Não vi nada e não pretendo fazer nenhum show com eles... Mas, se me pagarem 1000000000000000000000 00 zilhões de euros, até posso considerar a idéia.


FOLHA - Os Mutantes entraram com pedido de incentivo fiscal para realizarem uma turnê pelo país. Acha correto que esse tipo de incentivo seja usado para artistas gravarem CDs e realizarem turnês?
RITA - Incentivo a gente dá para quem está começando. Acho bastante injusto artistas conhecidos se beneficiarem disso. [Procurados pela Folha, os Mutantes não quiseram falar sobre o assunto.]


FOLHA - Como avalia a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura?
RITA - Gil é danado em tudo o que faz e no Ministério da Cultura não está sendo diferente.


FOLHA - Como você mesmo conta, quando garota, em vez de brincar com bonecas, gostava de andar de carrinho de rolimã. Depois, fez parte de uma banda de rock. Em seguida, virou cantora-solo e mãe. Agora, é avó. Hoje a menina que brinca de carrinho de rolimã ou a adolescente que faz parte de banda de rock é tão "ovelha negra" quanto você foi anos atrás? A sociedade brasileira está menos machista?
RITA - Nos anos 60, havia um monte de razões para as mulheres queimarem seus sutiãs no meio da rua. De lá para cá, o discurso feminista foi virando um porre. Daqui pra frente eu sempre hei de esperar delas menos reclamação e mais ação. Uma coisa que eu ainda não aceito é a mulher ganhar menos do que o homem fazendo o mesmo trabalho.


FOLHA - Em recente entrevista à Folha, Lobão diz que voltou a assinar contrato com uma major porque elas são melhores empresas do que eram anos atrás. O modelo de negócio das grandes gravadoras é nocivo ou benéfico para os artistas?
RITA - Entendo que Lobão precise pagar suas contas, mas daí a dizer que as grandes gravadoras são melhores empresas hoje do que eram anos atrás é suspeito. As principais majors continuam cheias de vícios antigos, de clonadores de paradas de sucesso, de uma gente que ignora uma meninada que sabe o que quer e não aceita palpite de um produtorzinho "shperto". A Biscoito Fino tem se firmado cada vez mais como uma gravadora mezzo-independente mezzo-mainstream, uma bênção para os contratados.


FOLHA - Se tivesse alguns minutos de conversa com papa, em sua visita ao Brasil, o que falaria para ele?
RITA - Pediria para ele abolir de vez o uso de peles de animais em algumas vestimentas papais.


E para terminar no final dos finalmente, no blog da Norma Leema tem relato fresquinho de mais uma aparição da Santa em plena Sampa, com fotos textos e observações matreiras.
http://normalima.blog.terra.com.br/2007/05/

Para quem veio até aqui, presente da Dani Frontarolee, que mandou muuuuitas imagens da Saraiva, que depois colocamos. Brigadão, Dani. Achei que ela ficou a cara da Shirley MacLaine com o cabelinho.



I want you



Pensam que eu não estou vendo? E atenção ao detalhe da guitarra que está atras dela, no telão.

9 comentários:

Anônimo disse...

Oi Bart, Feliz Dia das Mães!
Obrigada pela transcrição da matéria do Pedro Sanches, mas eu não acho que o Biograffiti queira desconstruir "naco" (de onde que ele tirou esse termo?) nenhum e sim mostrar o que Ela é, ou seja, a Rita Lee estrela da MPB, com banda, fãs, etc e a Rita ser humano, na toca com sua família e bichinhos amados.
Em entrevista a Marília Gabriela, no Cara a Cara, em 1991, ao ser perguntada pela jornalista se não dava para pirar no meio de um palco de rock, no qual milhares te aplaudem e ficam alucinados, Rita disse que sempre teve a noção de que não era ela que estava ali, pois o artista é um elo entre o céu e a terra, uma espécie de instrumento do invisível para dar uns toques na moçada. E, no caso da Ritinha, sabemos que ela nunca teve pretensão de fazer a cabeça de ninguém, e apenas quer manifestar, através da sua obra, uma polifonia.
Também não concordo com o paralelo que o Pedro estabeleceu entre ela e o Chico, pois não entendo que, nas caixinhas dele, haja a proposta da desconstrução dele como pop star. Ele não me passou intimidade, nos seus dvds, ao passo que nos da Rita isso ficou na cara. E não é porque o diretor é o mesmo que vamos achar que dá pra ligar os pontinhos entre os box de Lee e Holanda.
Aliás, falando em direção, eu acho que Rita se dirige quase o tempo todo ali, taí outro talento dela: direção!
Beijos aos filhinhos e às mamães... e também aos papais do mundo.

Anônimo disse...

Adorei o FrontaroLEE hehehe.

Sexta feira foi lindo, adorei o novo visu Dela.
O dvd está um delícia, puts Ela cantando com João Gilberto é tdo, o dvd é um prato cheio de sobremesa, ainda nao vi nenhum dvd á altura hehehe


Beijos, Bart valeu pela paciência de abrir todas as fotos hehee

Neco Vieira disse...

Hehehe

Bart Lindas as fotos e a Rita


Dani fotografa.. perfeita neh?

hehe


Adorei

Muchu Bligadhu


até mais

Anônimo disse...

Leenda, leenda, leenda!

Anônimo disse...

Gostei de ler essas matérias. Na última segunda-feira (07), Rita (Biograffiti) foi matéria de capa do Segundo Caderno da Zero Hora, com uma bela matéria tb. O frio nosso de cada inverno chegou ao sul do mundo, gracias! Saudações tricolores.

Anônimo disse...

BETHA MEDEIRIX (tentando mandar mensagem...)

Bart, tenho muitas fitas VHS para passar para DVD e, por conseguinte, para um formato que consiga compartilhar na internet. Tu usas qual? Estou louca tentando v�rios e n�o consigo!

T� babando em cima dos DVDs maravilhosos que, afinal, chegaram. Comprei em pr�-venda pela Saraiva e s� me entregaram no dia 11! Quase morri! hehe
Nunca vi pre-venda assim que chega muito depois que j� est� em venda nas lojas! Grrrr!

Beijocas

Anônimo disse...

O bom, para quem ainda não comprou os dvds, é comprar na Fnac. Não sei quanto ele está custando na loja, mas na internet tá saindo por 117 reais (fora o preço do frete), e eles entregam rápido. Pelo menos o meu, comprado na pré-venda, foi entregue no dia 5 de maio.

Anônimo disse...

na saraiva tá 109
uma pechincha..

Anônimo disse...

de visual novo e a nobre alma de sempre, Rita permanece intacta e perfeita ..

"uma biografia grafitada com transparência" !!

bjs
fefetz