A conversa é mole, mas o papo é firme.

terça-feira, maio 15, 2007

Uma carta na íntegra

Conforme dito no anterior, Peter Sanches cumpriu a promessa e escancarou as porteiras, com a íntegra da matéria feita com Shirley MacLane.

E podem dar uma voltinha em www.pedroalexandresanches.blogspot.com que a festa é bem animada.

E meus caros, quando souberem ou tiverem matérias, partilhem...a que avisaram na Zero Hora já não está mais no site deles, que vai até uma semana atrás.

pois então. mais uma breve cyber-entrevista com rita lee saiu publicada na "carta capital", dentro da ronda divulgadora que ela faz de seu "biograffiti".

abaixo (1), copio a introdução à entrevista que saiu na revista, com a explicação também brevíssima (se é que é necessário) do que é "biograffiti". o texto, na revista, se chamou "a desconstrução de rita lee".

depois (2), segue a entrevista dita cuja, mas não na versão "carta capital", e sim em sua ainda breve íntegra, para lá dos espaços e convenções cabíveis e habituais do jornalismo.

para o que vem de bônus, uma explicaçãozinha a mais: a canção "tão", a que nos referiremos adiante, trata de uma personagem ("real", ao que parece) daquelas que têm poder de irritar a rita só pelo fato de existirem, e de se fazerem chatas de tão tão tão tão boazinhas que tanto se esforçam por parecer.

vamoaí, então.

(1)
Artistas brasileiros consagrados começam a utilizar o formato DVD para avançar alguns milímetros além do trivial e, por vezes, recontar sob ângulo próprio e particular a participação que tiveram na construção da história da música brasileira. A exemplo do que fez Chico Buarque (num pacote com 13 volumes chamado Desconstrução), Rita Lee usa a caixa tripla Biograffiti (Biscoito Fino) para desconstruir um naco da imagem ilusória da "pop star", lustrada ao longo de quase quatro décadas.

Numa mistura de shows (novos e antigos) com documentário, música pública e memórias privadas se alternam e se confundem, em especial nas cenas em que ela aparece criando três canções inéditas, e assim as torna públicas antes de elas estarem 100% prontas. Abaixo, perguntas de CartaCapital que Rita respondeu por e-mail.

(2)
pedro alexandre sanches - um momento especialmente tocante de "biograffiti" é o depoimento que você faz sobre seus pais, em que inclusive mergulha por passagens tristes e dramáticas, que contrastam com sua imagem pública quase sempre alegre e engraçada. como é para você compartilhar com o público esse lado menos conhecido?

rita lee - todo palhaço tem seu lado triste, não é mesmo? nas entrevistas me senti como se estivesse na minha terapia. as gravações foram feitas em lugares confortáveis, a equipe era gente fina, então não havia por que não responder as perguntas que me fizeram.

pas - se você se vê nas cenas de "biograffiti", percebe diferenças entre a rita lee do "acústico mtv", do show de 2000 e dos shows mais recentes? você está mais tranqüila e serena agora, ou é impressão minha?

rl - tranqüila, não muito, serena, sim. com a idade a gente aprende a lidar com as armadilhas da vida, observando mais e explodindo menos.

pas - como é para você inserir nos dvds imagens que parecem ser do processo de construção de músicas novas, num momento em que, de acordo com as convenções habituais, elas talvez ainda não estejam 100% "prontas"? haveria mais um pequeno tabu sendo quebrado aí?

rl - a graça está justamente em mostrar o processo de gravar uma demo tosca, sem arranjo definido, a letra podendo mudar, uma situação ainda brincalhona e descompromissada, que posteriormente será aprimorada. ou não. não sabemos se elas vão constar do disco de inéditas que vamos lançar no fim do ano pela biscoito fino, então ficam como um pequeno cadeaux para quem tiver a caixa.

pas - essas músicas novas dão o tom de algum trabalho futuro, inédito? o que vem por aí?

rl - temos várias inéditas na manga, de pauleira a baladas, mas no momento não sei qual tom o bebê vai ter. ainda estou no começo da gravidez.

pas - numa determinada passagem, você comenta que, sob efeito de drogas, fez as suas melhores e suas piores músicas. toparia citar alguns exemplos de cada um desses blocos?

rl - das melhores posso citar "coisas da vida", "lança perfume", "mania de você", "orra meu", "papai, me empresta o carro", "shangrilá", são tantas emoções... as piores eram tão ruins que fiz questão de deletá-las em benefício da minha auto-estima.

pas - os (neo-)mutantes realmente convidaram você para participar da volta do conjunto? ou teria sido meio um convite pró-forma?

rl - o sérgio [dias] cansou de me convidar, e sempre declinei.

pas - o que você achou, especificamente, do depoimento do tom zé sobre você? se reconhece nas palavras dele?

rl - o depoimento dele foi genial e inesperado para mim. finalmente alguém explicou que roberto [de carvalho] e eu escancaramos nossa cama e convidamos o mundo para uma suruba pedagógica.

pas - sobre a música "tão", aquele adjetivo "chata" se escreve com cê-agá ou com xis? para não arriscarmos queimar seu filme com colegas locais, você poderia dar alguns exemplos de celebridades da gringolândia que você acredita que se encaixam nessa categoria "xata"?

rl - eu escrevo chata mesmo... eu diria que bono vox é o primeiro da lista de pessoas que de tão corretas e boazinhas são para lá de chatas e extremamente falsas. não podemos deixar de fora celine dion, sempre sorrindo, sempre discreta, sempre chata!

pas - entrevistando há poucos dias o ronnie von [cuja reportagem está na mesma "carta capital" 444], ele comentava que perdeu completamente o contato com você, e que nunca conseguiu levá-la ao programa dele na tevê, apesar de várias tentativas. e completou com umas reticências: "não sei se ela não gosta de mim...". você poderia contar alguma coisa a respeito disso?

rl - fala pro ronnie que eu não sou chegada em programas de tevê, só vou na hebe e no groisman, que sempre foram gente fina comigo. fala pra ele que eu sempre o defendo pelo crédito do nome mutantes. e finalmente fala pra ele que dia desses a gente junta a creche e faz um pic-nic.

10 comentários:

Anônimo disse...

O distinto repórter não leu a tua biografia, Bart? Mostrar o lado humano da Ritinha não é novidade do Biograffiti. Nas composições dela, também, sempre houve espaço para os dramas.
Mas o lance é: chorar dez minutos e dar a volta por cima. Portanto, não vejo contraste entre cenas do Biograffiti e a figura pública dela, "quase sempre alegre e engtraçada".
Eu digo e repito: as pessoas confudem leveza com superficialidade, e como Ela é leve, acham surpreendente ela ter opiniões profundas. Rita é o nosso Oswald de Andrade contemporâneo, que bancava o bobo da corte e, na sua genialidade despretenciosa, dizia muito mais do que quinhentas páginas de teses chatas.

Anônimo disse...

Bartsch, mil desculpas por não ter avisado a tempo sobre a matéria da ZH. Mas estive fora do trabalho por uma semana e não tenho computador em casa. Se não for tarde demais, ainda posso enviar. Garanto que não foi má vontade, até lembrei de enviar, mas...
Bjs tricolores.

Anônimo disse...

Nunca é tarde para esquecer...claro que pode e deve mandar, pois embora estas entrevistas de lançamento sejam um pouco parecidas, pelas perguntas, sempre escapa uma informação lá e cá...oremos e aguardemos...

Pedro Alexandre Sanches disse...

opa! cheguei aqui querendo trazer a farinha de avisar que a entrevista tava publicada lá, mas encontrei o pirão inteiro já pronto, hahaha. então, tudo resolvido e nos conformes, né, bart?, obrigado!

Anônimo disse...

Ok Bartsch, mando pro teu e-mail. E pra não dizer que sou ingrata, lembrei agora no almoço que a última ISTO É (09.05.07, n.º 1958 - acho que é a última) tb traz matéria da Santa. Caso não consiga localizar, avise que eu envio.
Bjs, bjs e bjs tricolores

Anônimo disse...

fala seu bart...

thanks, dear...

ótima entrevista de seu sanches... ele tá bem calminho, não? foi-se a época que ele metia pau na rubia...


abs

Anônimo disse...

Rita é sempre Rita nas entrevistas .. essas dos dvd´s estão quase sempre com as mesmas perguntas mas as respostas são brilhantes em qualquer que seja o papel de pão ..

salve a Rita ..
salve Bart po manter os leenáticos infomados ..

quanto mais entrevistas melhor !!


bjão
fefetz

Anônimo disse...

Amooo ver Rita em entrevistas (mesmo as perguntas sendo praticamente as mesmas em algumas entrevistas como disse fernanda)

É sempre muito bomv er Ritz falando, suas frases soltas são uma delicia.


Mil obrigados Bart.


Beijos !

Dani Lee

Anônimo disse...

Para quem quiser conferir a lambança que fizeram nas legendas das fotos da Rita, as da noite de autógrafos dos dvds, é só entrar no site do EGO - da globo.com, ir em galeria de fotos e procurar as fotos da Rita. Na primeira foto, em que ela aparece com a irmã, Virgínia, botaram assim (pasmem): "Rita Lee com a mãe, Romilda Padula". E continua na 2ª foto, em que as duas se abraçam: "O amor de mãe e filha". É de chorar tamanho deslize...

Anônimo disse...

Cara, a Micaela tá certa, acharam que a Virgínia era mãe da Rita, aff.