A conversa é mole, mas o papo é firme.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Palavras, palavras, palavras...

Antes que a baixaria tome conta do pedaço, vamos falar um pouco de literatura, mesmo que alguns fiquem contrariados.

Tenho lido bastante uma literatura recente, vinda dos States e do Reino Unido. Alguns autores estão bem traduzidos por aqui, como Paul Auster, o maluco do Thomas Pynchon, Don Delillo e Nick Hornby. Douglas Copeland acho que nem foi traduzido, e Irvine Welsh, acho que só tem o Train Spotting, que vale a pena ser visto em dvd. Chapação generalizada.

A maioria destes caras esta passando da dezena de livros escritos. Vou falar um pouco de Nick Hornby, que junto com Paul Auster, deve ser um dos mais traduzidos dos citados.

Hornby ficou famoso por "Alta Fidelidade", que já virou filme, também dos bons, e que conta a história de um garotão de mais de trinta, que vive uma síndrome meio Peter Pan (meus novinhos, Peter Pan era o garôto que não queria crescer, e além de James Dean é um dos preferidos DELA, para não dizer que não falei de flôres).
Neste livro, Hornby lançou a mania das listas: dez músicas que me alegram, os cinco melhores singles, oito coisas que me enchem o saco. Muita revista imitou. O personagem principal é dono de um sêbo de discos e é um colecionador que tem dificuldades em colocar um relacionamento em meio a suas listas ou coleções.

Depois veio "Um grande garôto", que também virou filme com o chatonildo do Hugh Grant, aquele que namorava a Elizabeth Hurley, uma pin up das mais gostosas, e trocou tudo isso por um chupetosa de uma "mulher de vida fácil" em Los Angeles, e esta ganhou na loteria com o acontecimento, vocês lembram. Acho que foi até no Jô. O engraçado da história é que o personagem principal é um vagabo também depois dos trinta, que vive dos direitos autorais de uma música de natal feita pelo pai já falecido, e para se dar bem, começa a frequentar um grupo de terapia para separados com filhos. Ele é solteiro, finge que tem um filho, e acaba se envolvendo com uma dona que está se tratando, mas quem entra no negócio é o filho real dela, que cola no cara. Daí para a frente é melhor ler ou assistir.

Depois disso tem "Como ser legal", história de uma médica meio desligada, cujo marido pira e resolve ser bonzinho com todo mundo, chamando pobretões para morar em casa, dando as coisas que tem, e assim vai.

Hornby gosta de música e futebol, e daí tem "Febre de bola", com comentários sôbre times ingleses, e o esporte em geral, "Canções", em que ele analisa algumas.

O mais novinho é "Uma longa queda", outra história maluca em que quatro pessoas bem diferentes se encontram no tôpo de um prédio famoso por ser o lugar onde malucos em geral vão cometer o suicídio, pulando lá de cima. Como é passagem de ano, a segurança para que ninguém chegue lá é maior, mas estes conseguem. Conversam entre sí e resolvem se dar outra chance. Saem para a vida, e depois se reencontram, tendo cada vêz mais dados sôbre o cotidiano uns dos outros. Daí desenrola a história.

Hornby coordenou uma coletânea de contos com vários dos novos citados no começo, onde tem um conto dele inclusive, que leva o nome do livro. Mas o interessante do livro, "Falando com o anjo", parte de que Hornby tem na vida real um filho autista, e todos os lucros deste livro vão para uma sociedade que cuida de autistas na Inglaterra.

Por falar em autista, "O estranho caso do cachorro morto", de Mark Haddon, é um marco. Se você quer entender o que é o autismo, ou Síndrome de Asper no caso, este é o livro. Haddon também tem um filho nesta situação, e é uma situação difícil pois tem-se que lidar com uma pessoa que é gênio em certos assuntos e completamente inapta às vêzes para coisas extremamente simples. Não é fácil conseguir tratar destas pessoas, pois necessitam de assistência constante, e isso é extremamente desgastante, por isso a construção de centros para cuidar ao menos parcialmente dos atingidos pela síndrome ajuda, e muito, a devolver um pouco de vida normal aos pais, que tudo fazem para dar as melhores condições aos filhos.

Amanhã comento um livro de Hornby que talvez não seja traduzido por aquí, mas que é muito bom pela idéia.

5 comentários:

Anônimo disse...

Sobre o autismo, certa vez ouvi um breve comentário do Jô Soares a respeito do seu filho: "ele é extremamente inteligente, mas não consegue abotoar uma camisa".

Anônimo disse...

Bart querido, você citou alguns livros do Hornby que viraram filme, mas eu não costumo gostar destas adaptações de roteiro que jogam as letras para a telona, prefiro quase sempre o livro.
Claro que há exceções... por falar nisso, por que ninguém filma a sua incrível biografia? Não tinha um zumzumzum a respeito?
Os autistas estão no segmento dos diferentes que precisam ser respeitados em casa, na escola, no trabalho... o samba da minha escola deste ano, Império Serrano, aborda exatamente isto: "Quem nasceu diferente/E venceu preconceito/A gente tem que admirar/(...)Diferença social, pra quê?"
Mas não andam respeitando ninguém nesta sociedade doente... o caso que a Edna citou no teu post anterior, e que, infelizmente, do qual todos já tomaram conhecimento até no mundo, do menininho de seis anos que ficou preso no cinto de segurança ao terem roubado o carro de sua mãe e foi arrastado por bandidos por 7 km pelas ruas aqui do Rio, deixou a minha cidade de luto. Hoje, nós cariocas acordamos arrasados... eu confesso que nem posso tocar no assunto que choro.
Por isso, vamos rezar pelas almas de todos os envolvidos nesse episódio...

Beijos e LUZ,
Mix

Anônimo disse...

falando em livros .. bem lembrado Mix .. tava rolando a zueira mesmo .. sobre se a biografia viraria livro ... e ai???


..crianças especiais cativam agente de uma forma muito fácil ... aliás .. qualquer criança cativa .. são tão “fragilzinhas” e ingênuas .. tão verdadeiras e cheias de carinhas ...

esse episódio que aconteceu é um exemplo supremo da desumanidade humana ...

Luz e força é o que precisam ..
Mandemos ...

bjos e bençãos
fefetz

Anônimo disse...

Hoje eu não sei o que digo, mas como me sinto na obrigação de dar uma passadinha aqui.....
VIVA A LITERATURA....

beijos e amaços hehehe.

Anônimo disse...

Johnny. O autismo é mesmo uma incógnita, assim como Down, e é sempre bom que não só estas doenças, como as que enfrentamos na velhice, precisam ser massivamente conhecidas, para que acabe o preconceito, e quem as sofre tenha um lugar melhorzinho na sociedade.

Normix, concordo plenamente que um filme não tem a riqueza de um livro, principalmente pelo tempo envolvido para que a história seja contada. Mas existem boas adaptações, que conseguem ter o mesmo alcance do texto. Ainda esperamos o diretor certo para fazer RLML na tela, porque já está na hora do Brasil faturar um Oscar, não concorda?

E é por aí Fernnie. Recebemos muito mais lições daqueles que aparentemente parecem não estar aptos a dá-las.

Dani, viva a literatura, mas para ela continuar viva, precisa ser lida, e muito.