A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, novembro 05, 2006

A volta do filho das sobras de RLML

Confirmadas as suspeitas de Rubs: a Dona Benta da foto de Gungun é mesmo Balú, e o netinho é Beto Lee. E tabém confirmado que vem paulada no Fantóshico. Uma amiga que trabalha na glóbulo aqui de Ribeirão disse que fez uma matéria em Barretos, com peões dizendo que os animais não são maltratados, para ser exibida hoje. Só faltava dizer que o são. Tá bom.
Normix: Falha é escrito na certeza. Tomei emprestado DELA, que sempre se refere ao hebdomadário nestes termos, desde os tempos das pendengas com Pedrinho Sanches.

E começa êste horário de verão que nos rouba o tempo.

Mais um dos capítulos excluídos. Tá quase acabando.

OLHOS AZUIS ATACAM ABAIXO DO EQUADOR



Robert Norris, como médico, tinha trabalhado muito durante a Guerra Civil. E a sucessão de fatos o assustava cada vez mais. O país havia perdido 620.000 vidas nos confrontos, sendo que dois terços deste número foram por doenças e não combates.
Após a rendição, 50.000 homens voltaram mutilados para casa. A morfina havia aliviado muitas dores e as farmácias continuavam vendendo a droga para ex-combatentes achando que ainda sentiam dores, mas na realidade estava sendo formado um enorme contingente de junkies abençoados pelo estado.
Antes da libertação, Norris tratava muito bem de seus escravos, como se fossem membros da família, e numa região onde a Ku Klux Klan tinha ramos fortes isso não era lá muito saudável, além de que as propriedades estavam sendo retaliadas sem nenhum critério.
Por seus conhecimentos maçônicos, ficou sabendo que o Brasil era uma terra a ser explorada, sem nenhuma daquelas pressões e incertezas que pairavam no sul dos Estados Unidos. Foi uma decisão difícil, mas reuniu-se com a família, contou seus planos e em pouco mais de uma semana estava em um navio, cruzando o Golfo do México.
Na longa viagem marítima cuidou de muitas doenças, trazidas pela falta de higiene e comidas estragadas, fazendo sem qualquer intenção uma fama que repercutiria nos dois extremos do Atlântico.
Um dia após chegar ao Rio de Janeiro foi procurado pela Guarda Imperial para que fosse ao Palácio ter com D.Pedro II. Em pouco tempo a cidade já sabia do doutor de olhos azuis que tinha feito milagres em um navio. Os médicos da corte, temerosos com as constantes crises pulmonares do Imperador, resolveram consultar o colega. Com o inglês, sua língua, e o pouco de francês que sabia, conseguiu não só consultar o monarca, mas também impressioná-lo pela inteligência e cultura, assim como, na melhor das coincidências, ficar sabendo que D. Pedro II era também um maçom. Estava em casa.
Ficou muito conhecido em todo o Rio, e aprendeu rapidamente, embora com forte sotaque, o idioma. No mais curto espaço de tempo, conseguiu trazer não só a família, como todos os escravos, ou ao menos os que sobreviveram à justiça que estava sendo feito no Alabama naquele momento.

Durante sua viagem, o agora Cícero Jones ajudou a combater algumas doenças de bordo com seus conhecimentos indígenas e acabou tendo algumas regalias. Um dia foi chamado para tomar rum com o capitão em sua cabine.
"Sabe, meu jovem, você me lembra uma pessoa que transportei há vários anos exatamente de Mobile até o Rio de Janeiro. Ele salvou minha tripulação e por isso não perdi meu navio em alto mar. Em gratidão, um dia lotei tudo isso aqui com sua família e a crioulada que trabalhava para ele. Isto parecia um navio negreiro. Hoje ele está muito bem no Brasil".
"E onde ele mora?" perguntou o meio índio, já armando seu tabuleiro de xadrez mental.
"Parece que no Rio de Janeiro, nosso destino. Tem umas filhas muito bonitas e vive nas graças do Imperador. Mas ele fez por merecer".
E assim foi, até o final da viagem, jogando conversa fora quase todo dia com o capitão, cuidando das dores de estômago e diarréias da marujada. Para quem tinha entrado de gaiato no navio, nada mal.
Ficou impressionado com a Baía da Guanabara e pensou que ali seria seu lugar.
"Você tem cara de quem não vai fazer a viagem de volta comigo", disse o capitão.
"Nem por todo o ouro dos galeões afundados no Golfo do México", respondeu ao descer a prancha para terra firme, embora, se soubesse mesmo onde estavam os galeões afundados, aquilo que havia dito seria desmentido em segundos.
Estava andando perto do porto quando alguns marinheiros, companheiros de navio, o chamaram para ver um marujo que estava em frente a uma bodega, contorcendo-se em dores. Ele logo viu que a doença era a comida servida na espelunca. Pediu um momento.
Foi até um matagal próximo, pegou algumas folhas, pediu um copo de água com bastante sal. E sem que ninguém visse, pegou uma barata e a colocou no bolso. Amassou as folhas na água salgada e fez o enfermo tomar de uma só vez.
Foi bater e voltar. Quando o vômito estava jorrando, jogou rapidamente a barata no meio da gororoba. Quem estava assistindo quase vomitou junto, ao ver aquele bicho asqueroso sair se arrastando daquela pasta.
"Pronto, meu jovem, o que estava atrapalhando sua vida foi embora", e o rapaz, que estava verde, começou aos poucos a ganhar coloração. Logicamente, eram todos americanos e falavam inglês.
"Muito bem, acho que acabo de conhecer não só um conterrâneo, como um colega de profissão em pleno exercício" O inglês bem pronunciado e gramaticalmente correto, fez com que Cícero virasse para o interlocutor, que estava às suas costas.
Um senhor de meia idade, trajando branco do chapéu à bengala, estava em posição de quem observava a cena já há algum tempo.
"Muito prazer, Robert Norris". Cícero quase caiu das pernas, pois já havia planejado encontrar o tal doutor, mas não esperava que as asas do destino batessem tão rápidas.
Pouco depois já estavam sentados na varanda dos Norris comendo algumas guloseimas, as quais Cícero tentava ao máximo controlar-se para não enfiar tudo na boca, tamanha a fome que estava.
Foi o necessário para desenrolar o plano que havia engendrado na longa viagem, fingindo nada saber do dr. Norris
"Sabe doutor, não sei exatamente de qual região o senhor vem, mas sou do Alabama, tenho um tanto de sangue índio nas veias e as coisas não estão nada fáceis por lá para uma pessoa em minha situação. Sou recém formado em medicina e ia começar a exercer a profissão para combater as doenças que sobreviveram à guerra, mas um dia os ianques me pegaram, roubaram tudo que eu tinha, queimaram meus documentos e me jogaram num navio dizendo para não olhar para trás, se quisesse sobreviver.
Agora estou aqui, não tenho mais parentes e não sei como fazer para aprender nossa profissão na prática, já que os poucos conhecimentos que tenho são do banco escolar e o senhor sabe que a prática é totalmente diferente, além do que, sem documentos não provo nem meu nome, quanto mais minha profissão".
Robert Norris já estampava um largo sorriso no rosto e o cherokee malandro sabia que seu teatro havia dado certo. Norris desfiou toda sua história sulista e tirou todo o medo de seu recente amigo.
Após horas de conversas, disse "Meu caro, sou amigo pessoal de D. Pedro II, imperador desta amigável terra. Vamos ingressá-lo na maçonaria e você terá a recompensa por tudo que já fez. Novos documentos e até um diploma de medicina aqui reconhecido".
Mas, verdade seja dita, Cícero era um grande malandro, mas era muito bem intencionado. Sabia muito dos curandeiros indígenas e foi um atencioso aluno do doutor Norris. Em pouco tempo era um médico conceituado, dentro das limitações da medicina da época, logicamente aprendendo o idioma, e tendo uma vida razoável dentro da corte.
Só não ficou melhor de vida porque seu bom coração não deixava que cobrasse dos desvalidos e aceitava animais, comida e roupas, isso se o paciente tivesse alguma coisa a dar.

Mas, após calmarias, sempre existe a possibilidade de tempestades. O Brasil ainda não havia libertado seus escravos. A situação foi ficando conturbada, até que a Lei Áurea, para resumir a história, foi assinada no dia 13 de maio de 1888.
Por trás deste movimento, também estava sendo tramada a derrubada de D. Pedro II, o que aconteceu em 15 de novembro de 1989, com a proclamação da república. Foi como um turbilhão.
Norris e Cícero, além de estrangeiros, eram muito benquistos pelos da corte, além de amigos pessoais do imperador deposto, que precisou sair às pressas do Brasil para o exílio, no dia 17 de novembro. Não era uma boa situação para os dois.
Novamente a maçonaria os salvou, e da noite para o dia abandonaram tudo. Norris com seus filhos e ex-escravos, que haviam adotado também o sobrenome do ex-dono, mais Cícero, foram corridos para o interior de São Paulo, longe da turbulência.
Com tristeza, Robert recebeu a notícia do falecimento de D. Pedro II, dois anos após, de uma pneumonia, na França. Ele sabia que seus cuidados fizeram falta.

Nem precisa dizer que em pouco tempo já eram queridos na região, principalmente Cícero, por não cobrar suas consultas e também porque tinha o mesmo nome de um padre milagreiro nascido em Crato, que se chamava Cícero Romão. Esse padre vivia em Juazeiro, onde restaurou as crenças dos fiéis, e por várias vezes, hóstias colocadas da boca de uma devota soltavam sangue. Se Juazeiro tinha o Padim Ciço, o interior de São Paulo, tinha o Doto Ciço. Os mais humildes achavam que era a mesma pessoa.
A convivência e a proximidade fizeram com que Cícero, para grande alegria do velho Robert, se casasse com Mary, uma de suas filhas.
Novamente a calmaria não teria longo tempo. A pele diferente, os olhos azuis e o espírito aventureiro eram uma grande dificuldade para o cherokee. Muitas vezes as tentações da carne desviavam o charlatão de suas diretrizes e ele caía em tentação. Nem sempre consumadas, mas pecar em pensamento também é pecar.
E Mary era o ciúme em pessoa, duvidando das irmãs, pacientes, amigas, ou seja, todas as saias que cruzavam por Cícero. As brigas eram constantes deixando toda a família em polvorosa.
Depois de muitas ameaças, um dia Mary, que sabia um pouco de farmacologia, pegou uma seringa do marido e a encheu com uma substância que poderia ser letal, se mal administrada.
Queria chamar a atenção, mas cometeu um erro fatal. A overdose caiu como um raio sobre os Norris/Jones, e Mary se foi.
Mas o destino, sempre tortuoso, levou Cícero a casar com Martha, irmã de Mary. Assim Cícero continuou na família e mesmo completamente quebrado, por suas manias de não cobrar consultas, teve nove filhos, dentre eles Charlie.

3 comentários:

Anônimo disse...

PQP, Bart! Maldita Proclamação da República. Não acredito que Norris, o avô de Rita, morava no Rio, e que por causa daqueles miseráveis, se mandou pro interior de São Paulo.
Já pensou? Ritinha ser carioca?!... Isto seria uma honra. Se bem que ela vai além da mera geografia. De onde Rita vem??? Mistério...

Anônimo disse...

é, Normitcha...

todo mundo quer que a Rita seja da cidade em que mora...

um montão de gente vem pra mim e fala "ela é de Rio Claro"
"Não, minha vó fala que ela é minha prima e nasceu aqui em Americana"...

etc...

ahuauahua
eu só acho engraçado e mando eles lerem RLML...

;)

Anônimo disse...

então é mesmo a Balu ...

Descordando dos meus amados colegas ... acho que não teria outra cidade para o nascimento da Santa a não ser São Paulo ... Sampa ... a tradução .. do avesso .. aqui tudo é Ruivo ...

Salve Santa Rita de Sampa ...

...agora é esperar a rede bobo .. ihihihii .. que preguiça desse povo ...


Ei bartz .. manda mais .. manda mais ... que eu agradeço ..

beijos e bênçãos ...
fernnie lee

Ps .. como disse a poeta Normix , é um mistério ... "Ela é de todos os cantos .."