A conversa é mole, mas o papo é firme.

domingo, setembro 17, 2006

Almirante Nelson

Nelson Motta veio chegando e falando de longe: "Bicho, era pra mim ter escrito pra você esta semana, mas não deu tempo... a Rita me mandou seu livro e eu li de uma sentada... mostrei pra minha mulher como eu estava bem na fita, ela pegou o livro e também leu inteiro... não sei bem onde vou publicar, mas vou fazer uma matéria sobre o livro".
Tudo isto antes de eu falar nem oi. Falei "Nelson, primeiro vamos tirar uma foto para sanar algumas dúvidas". E a partir daí o papo fluiu direto e reto. Pessoas que mantem suas posições em destaque durante tantos anos, é porque merecem estar onde estão. O cara é o maior gente fina, simplérrimo. Logo de cara, um casal de bacanas, que já tinham falado que estavam aguardando o Nelson, o cercou. Um baita portfólio da filha cantora, que é demais, mas ainda não gravou, blá e blá. Ele foi direto: "Infelizmente não tenho tempo para ouvir, estou distante do meio musical, e para voces terem uma idéia, quando cheguei no hotel aquí em Ribeirão, já tinha onze CDs me aguardando na recepção". Outra lição: nunca queira fazer atalho. Entregar algo muito importante na hora errada, é melhor você mesmo jogar no lixo, porque é onde vai parar. Andando no corredor até o palco, ele foi falando que é assim em todo lugar que vai, e que nem adianta tentar. Aproveitei a deixa "Nelson, eu tenho uma banda e não trouxe CD demo para você". Ele riu muito. Mas em breve vem o manual para estas e outras situações.
Mas um outro erro: o mediador. Pessoa culta, professor, tem programa de tv, mas infelizmente nada sabendo sobre Nelson Motta. Outra para o manual: um mediador jamais pode querer crescer para cima do palestrante. Senão vira Jô Soares. O mediador tem que ser invisível ao máximo, às vezes simplesmente fechando a boca.
Eu sabia muito bem meu papel. Um cara lançando seu P-R-I-M-E-I-R-O livro, conversando com quem é um dos maiores agitadores culturais do Brasil, que esteve presente em coisas importantíssimas na bossa-nova, festivais, lançou artistas, compôs trocentas músicas de sucesso, conhece de mijar de porta aberta na casa de Vinicius, Jobim, João Gilberto. Eu o chamei de Forrest Gump nacional intelectualizado e ele adorou.
Então o que eu tinha que fazer? Me apresentei, falei um pouco do livro, o Nelson abriu a fala dele falando muito bem do meu livro, o que para mim já estava de bom tamanho.
Quando pressentí que o mediador, começou a dizer que "na opinião dele" tal e tal, ví que a coisa podia degringolar, e perderíamos um cara com experiências riquíssimas em falatórios sem sentido. Conhecendo muita coisa da obra do Nelson, meti o bico nas perguntas, e conseguí fazer o papo fluir, com Nelson falando de seus livros, a mudança atual para romances de aventura, a biografia de Tim Maia que vem por aí, conhecer João Gilberto (esta o cara meteu o bico e conseguiu truncar), o tempo que ele trabalhou com Paulo Francis. Para quem assistiu, pode parecer que fiquei um pouco de lado, mas como já disse, eu jamais seria idiota a ponto de querer me medir com um cara daquela envergadura. Preferi participar ativamente da conversa em cima das experiências dele, que por várias vezes falou de Rita Lee, e uma outra coisa que esquecí de falar, que conversamos fora e ele repetiu lá dentro: pelos velhos problemas em como se conduzir uma biografia, para não se ficar sujeito a futuros processos, geralmente por pessoas que estão sem dinheiro, ou advogados que acham que vão ganhar uma bolada da editora, Nelson estava pensando em talvez criar um personagem fictício para contar algumas coisas de Tim Maia. Daí ele me falou: "lí seu livro, achei a sacada de colocar um personagem para aguentar algumas broncas genial, e criei um suposto "amigo" de Tim, que vai contando histórias e tem uma relação de amor e ódio com o cantor". E completou dizendo: "Quer dizer, pessoal, que eu conheço muito bem a Rita Lee, e tudo que está escrito nesta biografia é verdade, muito bem disfarçada pelo Henrique". Para mim já estava ganha a noite. Eu influenciando Nelson Motta...affff....
Quando o mediador pediu perguntas à platéia, aproveitei e metí o bico, dizendo que tinha assistido a palestra anterior, e as pessoas se estendiam demais nos preâmbulos das perguntas. O resultado é que as perguntas foram diretas e retas.
O pai que tinha tentado entregar o demo da filha, não se dando por contente, levantou e falou novamente sobre a filha. Outra lição. Melhor levar um contra privê do que em público. Com todo jeitinho, Nelson deu uma descartada legal, e terminou dizendo que quem tem talento, mais dia menos dia vai aparecer. Marisa Monte ficou um ano e meio sem gravadora.
E Nelson, muito bem humorado, com histórias sempre engraçadas.
Mas ninguém é de ferro, e a persistência do mediador em querer meter o bico e polemizar foi grande, e após afirmar para o Nelson que música boa é só instrumental e que o cinema nacional não tem destaque nenhum nas publicações brasileiras, Nelsinho perdeu o pavio, subiu nas tamancas com o cara, e eu calei a bôca. As pessoas começaram a ir embora, porque ficou chato, e acabou por aí.
Nelson nem quis saber de ver o cara fora do palco, me chamou para um lado, e ficamos jogando conversa fora. Fiquei muito satisfeito com o resultado e acho que ganhei um amigo. Salve Nelson. Infelizmente eu tinha uma apresentação em uma cidade a 120 km de Ribeirão Preto. Seria uma noitada de muita risada com o Nelsinho. Mas os celulares e os i-pods das crianças tem que estar garantidos.



E agora é o seguinte, Srta. Z, Sra. RL, e a quem mais interessar possa. Definitivamente, esta científicamente provado que eu e Nelson Motta não somos a mesma pessoa. Apesar de que existe photo shop, mas....

10 comentários:

Anônimo disse...

Estou aguardando a biografia do Tim Maia com grande interesse, duas figuras bacanas quando se juntam, só pode sair coisa boa. A dupla Tim & Nelsinho promete. E o que mais Motta puser a mão, vai ficar "bão" também.

Anônimo disse...

bart,

adorei o blog de hoje, cheio de boas informações como sempre

desculpe dizer isto, mas li o livro da ana maria bahiana e não achei lá grandes coisas, gente de imprensa não tem coração para falar sobre a alma dos artistas, que é o que interessa para nós leitores

perto do seu livro o dela fica anos luz atrás em matéria de sensibilidade e sacação

outra coisa: você e nelson motta são realmente muito parecidos fisicamente rsrs

Anônimo disse...

la vem as piruas norma e carmem blablablabalblalblaaaaa

o domingo tava indo tao bme

o seu bart bota coisa mais boa ai nese blog de merda

vio autas horas e achei a chata uma bosta
=)bjs gilda

Anônimo disse...

Porra Carmem... então quer dizer que quem tá na imprensa não tem alma de artista?
Isso é uma charlatanice (é assim que se escreve Gilda??? hehehe)... vou jogar minha faculdade de jornalismo no lixo...

Bart!!!
Poxa, vc tem um irmão gêmeo perdido... mas o papel tá garantido no filme!!!
hehehe

abs
Rubs

Anônimo disse...

O Nelson Moita é sua cara Bartz , não adianta ....

Que bacana ... E que bom que o Jô não estava por lá pra estragar a festa .. sim pq ele perto de vocês dois é o maior dos grisalhos .... no sentido físico, claro ..

OH cuidado hein .. vai que o Moita mora na Moita ao lado ... ehehehehe

Tá com tudo essa Barbára viu ..

Muita sorte ...
fernnie lee

Anônimo disse...

Gildinha, você não leu o recadinho que eu coloquei pra você mais lá atrás? Escrevi pra você entender, do seu jeitinho. Dá uma procuradinha nos comments antigos.

Anônimo disse...

hey guys is hot and sunny down ere calafornia\ bat i woud like tobe in waikiki hiting big waves
carmem can you send me sum photos like bikini photos

Anônimo disse...

gilda: vai ver se eu estou na esquina e se eu estiver passe batido senão dou porrada

rubinhow: você deve ser a excessão da regra

steve: vai tomar um banho frio! do you know what this means?

fernanda lee: você está sendo paquerada pelo rubens ou foi impressão?

Anônimo disse...

yea yea banho frio
its down ere
come and take dis banho frio wis me yak yak an it wuld be kinda hot

Anônimo disse...

Apesar de terem sido separados na maternidade, Bart e Nelson usam o mesmo tonalizante prata-luz-do-luar oq eu, definitivamente prova a procedência gêmea umivitelina dos dois.
Em relação ao mediador, acho que sei quem é o tonto, tive o infortúnio de assistir um café filosófico com o dito apresentando a Alice Ruiz sem saber quem era ela e muito menos quem era o Leminsky. Com diria o finado sued "Sorry, periferia!"