A conversa é mole, mas o papo é firme.

segunda-feira, julho 13, 2009

O rock roeu a roupa do rei do pop

Neste dia, exatamente 3 anos atrás, o PCC atacava em Sampa, mas teve um povinho que não estava nem aí e marchou firme para a Saraiva do Morumbi Shopping, não sei se para o lançamento de um livro ou para VÊ-LA LÁ. Não lembro direito. Mas foi muito bom e o tempo é muito rápido no gatilho.
Conhecí muita gente que mantém contato até o presente, e acho que por mais muito. Um prazer.

E além do mais, é dia mundial do rock, um tanto adormecido, mas pulsando.
Aproveitando o ensejo, um pouquinho do Reiberto no Maraca da Globo. Deixe-me ir pelos flancos, explicando onde me coloco, para que não haja mal entendido. Gosto das músicas até 1970. Depois foi por osmose. Como estava na bela e próspera Porto Feliz (meu povo, às 17:00 do sábado passei na estrada, do ladinho de onde Ritz e os maluketes estavam em Leme. Chovia mutcho), não assisti ao tal especial ao vivo. Mas deixei no rec. , claro.

No domingo de manhã, ao invés de sair para caçar rã, fui assistir como se fôsse ao vivo, pois nada sabia do que rolara. De prima achei que o que tem um milhão de amigos, dentre eles o Cristo e sua queria mama, poderia ter conseguido que não chovesse. Mas depois deu para ver que foi o que salvou a coisa de virar mais um especial de fim de ano temporão.

A primeira sacanagem foi que a Globo não passou o show ao vivo, mas sim com meia hora de atraso, para se previnir de furos. No comêço chovia um pouco, mas parece que na sexta música, o mundo desabou (quem sabe, a resposta dos céus por tantas lágrimas derramadas em terra nos shows anteriores). Nesta hora, RC saiu do palco, e não queria continuar o show. Foi lembrado por patrocinadores e seus advogados, que no contrato não havia cláusula para interrupção por intempéries. Teve que voltar, e como é a peça, presumo que bem contrariado. Como não estava ao vivo, simplesmente pularam esta parte, e para quem assistia na secura do lar, parecia tudo normalex.

A vipaiada gelada que tinha seus lugares no gargarejo, saiu de banda para os camarotes, para tomar uma quentinha e sair do molhado, pois ficariam horríveis para sair na CARAS. Para não ficar aquele vazio na frente, que pegaria mal na transmissão, a produção empurrou a gentalha dos lugares baratos aos pés do rei. Bem, ao pé pelo menos. Mas foi aquela mornice total, da qual escapei com meu valoroso e providencial contrôle remoto. RC não se acertava com o pedestal, não se acertava com o fone de ouvido ( que estava usando pela primeira vêz), não se acertava com o texto que estava escrito à sua frente, assim como as letras de suas músicas.
O monarca contrariado devia estar à flor da pele, tendo que sorrir e levar em frente o que seguramente gostaria que fôsse o mais do mesmo de sempre. Quando chegou a hora do Erasmo, a coisa deve ter rolado mais no improviso do que no ensaio.

Neste momento a vaca deu uma pequena tossida. Um cara com 50 anos de shows, com várias vêzes no palco com Erasmo e Wanderléa como convidados, tiraria de letra. Mas não segurou a onda, no que foi o toque filha do Michael Jackson no lance. RC deixou o Olimpo e virou gente. Muitos acharam que a velha amizade é quem debulhou as lágrimas. Eu já acho que foi a única prancha para se segurar, e o menino dos olhos tristes levou uma lição dos dois a quem ele já deixou na mão por várias vêzes. Sumiram os milhões de amigos na enchurrada, e lá estavam apenas os dois dizendo que não era para JC que eles estavam lá. RC deve ter tomado a maior lição de sua vida.
Certeza que o Brasil inteiro aumentou o volume das chuvas no momento, inclusive quem assistia horas depois.

Para quem não sabe: em 1968, mais ou menos, Luiz Sérgio Person chamou os 3 da Jovem Guarda para fazer um filme. Começaram as filmagens e Roberto roeu a corda, dizendo que só continuaria em um projeto em que fôsse o protagonista. Os outros dois baixaram as orelhinhas, e foram feitos aquelas 3 imitações de bítous, misturado com filme de elvis, jamesbonde, etc.
Dai RC abandonou o Jovem Guarda, programa, para ter um só seu, e que tem burro nadando na água até hoje. Depois a traição total na juventude rebelde, que achava que o movimento poderia tomar seriedade e competir com o que se fazia no mundo do roquenrou. Uma armação para ganhar o caretíssimo Festival de San Remo.
Lembrando também que quando RC tinha uma banda com Erasmo e Tim Maia, foram no programa de tv do Carlos Imperial, e logo no primeiro, Rioberto deu uma rasteira nos caras, para cantar sózinho nos outros programas. E quem leu a proibio, sabe que se não fôsse a primeira mulher de RC, Nice, ele não teria feito nada por Tim Maia, que tinha voltado na pior dos states e o rei já era o rei. Ao menos no Globo Repórter ele confessou que foi Tim quem ensinou a ele a batida mestra da jovem guarda.
Como diz o Eclesiastes bíblico, há tempo de arrependimento.

Meu amigo Johnny sempre diz que RC teria que fazer um show só jovem guarda, para a redenção. Pode ser que tenha aprendido.

E como começamos falando do dia do rock, que por favor, não mais dissessem que Erasmo é o pai do rock. Erasmo é o sombra, e pronto. E ameaçou escrever uma bio contando tudo, mas já afinou e disse que vai ser um livro com histórias engraçadas da estrada. Ameaça de deserdamento, isso sim. Rock nacional é Ritz, Raulito, Arnaldo pós Mutas e honóris causa, pelo comportamento, Tim Maia. O resto não chega nem a ser ruído.

Mas assistir a um show do Reiberto, ao vivo, é emocionante. Fazer o que?....

2 comentários:

Rubinho Vitti disse...

já youtubaram...
http://www.youtube.com/watch?v=COQXryo1EAU

e eu ainda peguei um trechinho do rei numa churrascaria fuleira onde estava a beber uma cerveja esperando a rainhadoroque naquele buraco chamado leme... hehehe...

aliás, ouvi o esporro mais roquenrou da ruiva dos últimos tempos...

Norma Lima disse...

Eu também estava em Leme/SP, com Rubinho e companhia, mas sem tomar cerveja quente!
Deu pra ver um pedacinho do RC 50 antes do show da Ritinha começar.
Ah... eu sempre curto o Roberto Carlos! São canções que fazem parte da nossa vida, não é mesmo?
RC tem cara de menino na chuva até hoje e agrada ao mulherio. Minha mãe que o diga.
Eu sei desses lances nebulosos da trajetória profissional dele com Tim Maia e demais companheiros, mas no caso de RC, vou ser sincera, é difícil não deixar aquele lado "muito romântico" que todos temos, falar mais alto, principalmente com o bom Roberto dos anos 70.
A gente acaba esquecendo que ele confiscou uma biografia sem sequer lê-la; que com aquele jeitinho de coroinha de igreja o que fez mesmo foi comer a namoradinha do amigo-meu; que é também o rei das neuroses, vide toque, etc. Só queremos ouvir algo como Detalhes e dizer pra alguém muito ESPECIAL: "e isso lhe trouxer saudades minhas/a culpa é sua..."