A conversa é mole, mas o papo é firme.

quarta-feira, outubro 11, 2006

E quem explica?

A única hora livre que consigo, mas nem sempre, é um pedacinho de fim de tarde nas segundas-feiras. Correria, pagação de contas, as que não dão pra pagar, empurra com a barriga e assim vai.
E nestas horas, quando possível, que caio na gandaia. Vou numa livraria e fico bundando por lá, vendo o que saiu , procurando velharias, dando umas folheadas.
Nesta segunda não foi diferente, mas eu já tinha um pequeno objetivo. Me deu muita vontade de reler "Memórias, Sonhos, Reflexões", a auto-biografia de Carl Gustav Jung.
Para mim Carlos Gustavo é o supra sumo do pensamento ocidental, muito embora ele tenha bebido muito no oriente, e não foi só sakê. Jung colocou nome e explicou muitas coisas que imaginavamos existir mas tínhamos mêdo de perguntar ou sentir.
Criou o conceito de Sincronicidade, que mostra o equilíbrio maluco que regem nossas vidas, fêz um imenso estudo dos Tipos Psicológicos, usando muita coisa de astrologia.
Na arte, analisou o simbolismo das mandalas, aqueles desenhos simétricos cheio de significados, que muitas vêzes serviram para entender a mente de pessoas consideradas totalmente alienadas, e que as desenhavam.
E o conceito do Inconsciente Coletivo. Um fundo do tacho que é comum a todas as pessoas. Lógico que nada disso se explica em duas palavras.
E em sua bio, ele conta muitas loucuras que o levaram a entender estes conceitos. Foi feito por uma discípula, Aniela Jaffé, que organizou e editou. O trabalho começou em 1957 e Jung morreu em 1961, antes de ser publicado. Durante todo o tempo, Jung foi negativo em relação à publicação, pois temia a reação pública contra seus conceitos religiosos que estavam dispostos no livro sendo escrito.
Mas a obra é maravilhosa. Principalmente porque ela nos leva para dentro da Tôrre, uma edificação que Jung fêz em sua propriedade e que foi modificando com o tempo, até achar a forma ideal. Todo mundo tem mesmo que achar seu canto, a volta ao útero, para gestar suas idéias.
Achei que seria difícil de encontrar, pois saiu há um bom tempo e eu não encontrava de maneira alguma meu velho exemplar, que escapou dos cupins que um dia me invadiram. Um dia conto esta triste história.
Pedí para uma atendente consultar e não deu outra. Fora de catálogo. Mas um pouquinho depois ela veio me procurar: tinha acabado de sair uma nova edição, de 2006 e tinha na loja. Fiquei feliz da vida. Viram como uma segunda não é sempre aquele desastre predestinado?

Daí ví um livro de Zeca Camargo,chamado "De a-ha a U2. Os bastidores das entrevistas do mundo da música". Lançamento novo, como diz um atendente de uma locadora em que vou. Como se existissem lançamentos velhos.
Adoro ler tudo que sai de música, e levando em conta o pedigree de Zeca, um dos pilares da MTV quando a MTV era só música e notícia de música. E programas como TV Leezão.
Depois Zeca foi pra Globo e cobriu festivais e entrevistou deus e o mundo. Claro que um cara dêsses tem história pra contar. Numa olhada rápida, me pareceu que só tinha entrevistas e notícias com gringos. Mas resolví levar.
Quando paguei no caixa, a garôta me deu alguns marcadores de livro, e coloquei um em cada um, do Jung e do Zeca, aleatóriamente.
Agora é que vem. Quando cheguei em casa fui dar uma folheada, e abri onde tinha colocado o marcador, de bobeira. Página 396. Adivinha o que? A carona de dona Rita, sorrindo numa página e fazendo charme na outra. Um encontro de Zeca com Ela. Eu nem imaginei que tivesse algo da Rita por alí. Mas tem, e isto é a sincronicidade de Jung.
Só o começo:"Falar com Rita Lee é explorar uma estranha intimidade, feita de encontros breves mas fartos de admiração. E não há nada como ouvir de uma soberana do pop seu nome no diminuitivo: Zequinha..."
Bem, agora a velha tática: tá duro? Já dei o nome do livro e a página. Encosta lá numa livraria qualquer e lê o resto.

Para ilustrar, umas fotinhas



O camarim dela costuma ter este visual hippongo até hoje. Certos livros afirmam que o quarto também.



É assim que ela bundava no Caribe

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu fico bundando em Vila Mariana e vc bundando na livraria ...
eheheheheheheheheheh

Bjz
fernnie lee

Anônimo disse...

Bart, este teu blog é uma cachaça!! hehe
Tô louca pelo livro!!!

Vou lançar, se é que não falaste ainda: quantas músicas homenageiam nominalmente Rita Lee???

Um bom quiz, né??

Beijosssss

Anônimo disse...

Jung é uma escola da psicologia. Acabei de descobrir que a física quântica tem uma relação libidinosa com a sincronicidade.

Não tinha visto este post. É bom vc dar as dicas de vez em quando.

Se eu tivesse que escolher entre um e outro, sem dúvida ficava com o Jung. Questão de gosto pessoal.

beijão!